É difícil falar de um contexto no qual o indivíduo é simultaneamente analista e participante, diretamente envolvido. Assim se faz dentro das ciências sociais cujo papel fundamental do cientista é entender a realidade que o rodeia, buscando causas, consequências e diagnósticos. Diferente de um laboratório em que existem diferentes ferramentas e cobaias a serem manipuladas que permitem ao pesquisador repetir ensaios, voltar testes, simular projeções; na sociedade, o ser humano é experimento de si mesmo dentro do imponderável que é viver.
As ciências sociais (antropologia, ciência política e sociologia) nasceram em um período de intensa agitação e transformação social. Inicialmente, muito devido à influência da filosofia positivista e do iluminismo, buscou-se a racionalidade para explicar tudo. Um marco referencial histórico válido para situar esses acontecimentos é a modernidade que surgiu com a Revolução Industrial inglesa em meados do século XVIII. Subitamente, houveram mudanças no modo de viver, agir e pensar das pessoas e em meio a tantas dúvidas buscava-se respostas plausíveis para compreender o ambiente ao redor e a si próprio.
Fonte: http://editoraunesp.com.br/blog/para-refletir-sobre-a-importancia-da-sociologia-
No início buscou-se a mesma exatidão das ciências exatas (matemática, física e química) deixando aspectos emocionais, subjetivos e cognitivos fora do âmbito de estudo. Um dos motivos para isso foram os resultados de Darwin e sua Teoria da Evolução cuja metodologia e resultados surpreenderam a todos da época. Entretanto, seres humanos não são máquinas programadas que agem sempre do mesmo jeito. A conjuntura da situação determina muito das atitudes podendo levar um mesmo indivíduo a agir de formas diferentes em relação a um mesmo estímulo. Como reproduzir diferentes teorias sobre uma sociedade composta por milhões de pessoas? A complexidade do caso ultrapassa os números, uma verdadeira teia de conhecimento que configura a engrenagem social.
A autonomia das disciplinas da tríade social é contínua e o argumento para explicar tal processo é simples: matemática, física e química são interdependentes entre si, utilizam raciocínios lógicos similares, números, fórmulas, entre outros aspectos que compartilham; porém, possuem sua autonomia, pois utilizam diferentes enfoques sobre a natureza das coisas. Assim também é com a antropologia, ciência política e sociologia: são disciplinas irmãs interdependentes entre si, mas que possuem campos próprios e autonomia conforme ocorre com a tríade de exatas.
Fonte: http://noticias.unsam.edu.ar/2016/11/01/sumate-al-circulo-de-estudio-antropologia-de-lo-digital/
De um modo sucinto é possível apontar algumas características entre as disciplinas que compõem as ciências sociais e que as difere: (a) antropologia - dedica-se a um estudo detalhado e aprofundado do homem, sua diversidade cultural, seus símbolos, o modo de vida e integração de um grupo específico como, por exemplo, um estudo sobre os punks, analisando-os dentro do seu habitat (contexto interno do movimento) e suas relações dentro da sociedade; (b) ciência política - concentra-se nas relações de poder que permeiam a sociedade, seja no âmbito governamental (estritamente político), seja nas políticas internas de uma empresa (âmbito público e privado, cotidiano de tomadas de decisões do cidadão), abordando temas referentes à relação entre Estado (governo, administração) e sociedade (grupos); (c) sociologia - estuda a relação entre indivíduos e comunidades que compõem a sociedade, analisa os fenômenos de interação, formas estruturais internas de grupos e comportamento social. Obviamente que as definições vão muito além deste breve resumo aonde cada disciplina subdivide-se e relaciona-se com outras áreas do conhecimento, mas o objetivo aqui não é se estender a tal ponto de detalhamento.
Dois mais dois são quatro (e talvez assim seja para sempre ou até novas descobertas romperem esse paradigma), mas qual fórmula utilizar para explicar os processos de urbanização, migração, regimes políticos, sociedade, Estados, movimentos sociais, governo, políticas públicas, burocratização, comunicação, democracia, tripartição dos poderes, república, partidos políticos, globalização, clivagem social? A reflexão sobre o ser, sociedade e Estado é antiga, oriunda da filosofia grega e desse modo veio se aperfeiçoando até a atualidade. Reduzir tais estudos a um segundo plano diante das demais ciências é pura ignorância, justamente por não entender o impacto social nas relações humanas e não compreender a construção, estruturação e organização do mundo em que vive.
Fonte: https://pesquisaescolar.site/sociologia-da-educacao-no-brasil/
O homem, por natureza, é um ser social, não uma ilha ou simplesmente um número (apesar do sistema tentar reduzi-lo em diversas vezes a sequências numéricas como RG, CPF, PIS, crachá, etc). Mesmo partindo da individualidade do ser, há fatores externos que influenciam a formação e desenvolvimento do indivíduo, levando-o a agir de determinada forma. Assim sendo, existem processos analíticos capazes de identificar padrões diante da identidade unitária de cada pessoa. Muito além de tradições e hábitos culturais, o ensino é fundamental para a construção coletiva de um lugar melhor para se viver e ser uma pessoa melhor.