sábado, 18 de maio de 2019

Reflexão sobre a sociedade de riscos

Característica marcante da sociedade pós-moderna são os riscos embutidos em cada elemento do cotidiano. Seja no estilo de vida fragmentado (oriundo da divisão moderna industrial) ou na revolução tecnológica, a cada dia há novas formas de expressão e transformação que alteram hábitos, tempo e espaço. A ameaça mundial contida na bipolarização que marcou o século XX continua acrescida da ameaça do consumismo globalizado e consequente enfraquecimento do Estado-nação.

O medo sempre foi um sentimento presente, o diferencial da atualidade são os riscos inerentes de cada ato. Sociedade de risco foi o termo utilizado pelo sociólogo Ulrich Beck para descrever um sistema repleto de perigos e inseguranças induzidos pelo próprio processo de modernização tendo a sua consequência na contemporaneidade. Uma sociedade estruturada em reações, pois as ações podem ser graves e desastrosas. Como exemplos é possível citar a nuclearização, robotização (inteligência artificial), aquecimento global (degradação do meio ambiente), manipulação genética, controle de instituições (vigilância e monitoramento), agrotóxicos, descarte de resíduos, entre outros.

Sinal De Alerta, Assinar, Sinal De Trânsito

O aparente negativismo no pensamento do autor se traduz por meio da realidade nua e crua. A produção descontrolada da riqueza é acompanhada pela produção social de riscos como um efeito colateral. A cadeia alimentar social é simples: se não produz não vende; se não vende não contrata; sem emprego não há recursos; sem recursos Estado e sociedade ficam estagnados; estagnados há uma perda na qualidade de produtos e serviços; sem qualidade há um retrocesso de vida e queda no desenvolvimento humano; sem motivos para viver e melhorar tem-se a indiferença e anomia. O processo converte-se a si mesmo, um ciclo como uma bola de neve.

O risco está na dependência do Estado para com o sistema. O risco está na dependência da sociedade para com o Estado. O risco está na desconfiança entre as pessoas. O risco está na dependência da tecnologia e na demanda por uma alta produtividade sendo que os recursos primários (matéria-prima básica) são limitados (escassos) e em alguns casos já estão se esgotando. O melhor não é mais sinônimo de qualidade, mas sim aquilo que pode evitar algo pior.


Se antes, segundo Beck, havia a solidariedade da carência e esperança no futuro mesmo diante das dificuldades enfrentadas, o que se nota hoje é a solidariedade pelo medo, uma burocratização típica dos tempos de Weber e uma apatia que condiz com a falta de reconhecimento descrita por Honneth e demais pensadores da Escola de Frankfurt. 

A democracia que não é democrática flerta perigosamente com a oligarquia no âmbito político e oligopólios no âmbito econômico. Poucas estruturas de mobilização factíveis remetendo a um sistema de castas tal como na Índia. A demagogia parece se encaixar melhor no contexto cibernético vigente em que todos querem falar sem ter o que ser dito. Todos falam (muitas vezes sem pensar), todos querem ter razão (especialistas de nada), mas poucos ainda sabem ouvir e respeitar. 

O básico representado pela tríade de educação, segurança e saúde é deixado de lado. O passado é esquecido, a história é acusada de traição ideológica. Todos são inimigos e culpados pelo simples fato de discordar. A igualdade passa a ser a autopreservação em detrimento da sociabilidade. Perto tecnologicamente (online na rede), mas longe um do outro quando estão fisicamente lado-a-lado. Mais uma contradição inerente ao neoliberalismo desenfreado e selvagem. Afinal, ganha quem tiver o saldo maior, ganha quem tiver a conta mais recheada de cifrões, seja euro, dólar ou real. Ao final, todos perdem.  

terça-feira, 7 de maio de 2019

Reflexão sobre os cortes no ensino

Cortar a filosofia
Em prol de uma suposta economia
Uma sociedade sem sabedoria
Simplesmente sem empatia
Em busca de soberania
Luta pela autonomia 
Sem ser utopia
Cortar a sociologia
Pura demagogia
Falsa democracia
Isso sim é anomia
Rigidez típica da oligarquia
Automatização líquida e apatia
Educação é fundamental todo dia
Logo será história e geografia
Contexto similar ao da Guerra Fria
Sem sinfonia, sem sintonia
Brigando contra a própria ideologia
A ciência perde espaço para a falsa magia
Um castelo sem fantasia
Erro atual de anacronia
Pura hipocrisia
De um governo sem simpatia
Sociedade descartável, esquizofrenia
Doença avançada sem terapia
Agindo com covardia
Estado sem guia
Capitalismo de periferia
Sem sinfonia, sem sintonia.

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Fonte: https://www.istockphoto.com/br/vetor/dia-dos-mortos-pensador-gm183411053-15707929