sábado, 31 de agosto de 2019

Reflexão sobre o glossário geopolítico contemporâneo

Com o processo de intensificação da globalização, todos os dias há uma massificação de notícias e termos veiculados por todos os tipos de meios de comunicação. A luta pela versão vencedora da história e pelas narrativas cotidianas não são características exclusivas do século XXI, mas foram reforçadas pelos avanços tecnológicos. 

Desde a invenção de imprensa por Gutenberg até a atualidade, uma chuva de palavras é disseminada sendo que nem sempre a informação é transformada em conhecimento. Pensando nisso, separei alguns termos e seus significados tendo em mente os conceitos de forma ampla e genérica que ultrapassam fronteiras e se espalham por praticamente todos os territórios. Do global ao local com vistas ao cenário geopolítico contemporâneo e baseado nas definições dos Livros da Política, História e Sociologia da Editora Globo.


Alienação: condição dos trabalhadores que se sentem distantes de si mesmos ou da sociedade devido a uma falta de poder, controle ou satisfação. 

Anarquismo: abolição do governo autoritário (central) por meios violentos, se necessário, e a adoção de uma sociedade baseada na cooperação voluntária.

Anomia: um estado de confusão ou falta de normas resultante de rápida transformação social. Quando as normas e os valores sociais que governam a conduta diária mudam abruptamente, as pessoas podem se sentir desorientadas e sem propósito, até que a ordem social seja restabelecida.

Autocracia: uma comunidade ou Estado no qual a autoridade ilimitada é exercida por um único indivíduo.

Burocracia: sistema de organização caracterizado por uma hierarquia de autoridades ligadas a regras, que mantém registros detalhados de tudo o que fazem. Governo caracterizado pela especialização de funções e obediência a regras fixas.

Capital: ativos financeiros (como uma máquina) ou valor de ativos financeiros (dinheiro) usado para produzir renda. Um dos ingredientes-chave da atividade econômica, junto com a terra, o trabalho e os negócios.

Capitalismo: sistema econômico baseado na posse privada de propriedade e de meios de produção, no qual as firmas concorrem para vender bens com um lucro e os trabalhadores vendem seu trabalho por um salário.

Classe social: uma hierarquia e status dentro de um sistema social, refletindo poder, riqueza, educação e prestígio. Apesar de essas classes variarem por sociedade, os modelos ocidentais geralmente reconhecem três grupos: classe alta, média e baixa (também denominada de classe trabalhadora). 

Colonialismo: fenômeno em que um país exerce sobre outro, em geral explorando-o economicamente.

Comunismo: sistema econômico baseado na posse coletiva da propriedade e dos meios de produção.

Conflito de classes: tensão que pode surgir entre diferentes classes sociais como resultado de interesses socioeconômicos diversos.

Conservadorismo: posição política que se opõe a mudanças radicais na sociedade. Conservadores geralmente defendem uma ampla gama de políticas, incluindo preservação da liberdade econômica, empreendedorismo, livre mercado, privatização de empresas e redução da interferência do governo.

Consumismo: estado de uma sociedade capitalista no qual a compra e a venda de vários bens e serviços definem a época. O termo também se refere à percepção de que os indivíduos desejam bens para construir sua identidade, consumindo além do necessário.

Democracia: uma forma de governo na qual o poder supremo cabe ao povo e é exercido por seus representantes eleitos.

Determinismo: crença de que o comportamento de uma pessoa é determinado por alguma forma de força exterior, de modo que um livre-arbítrio genuíno é impossível.

Dialética: habilidade em questionar ou argumentar; ou ideia de que qualquer afirmação, seja em palavras ou em ação, provoca sua oposição, e as duas reconciliam-se em uma síntese que inclui elementos de ambas.

Distopia: sociedade teórica caracterizada por um Estado deplorável, disfuncional.

Direita: no espectro político, as ideias de quem acredita que desigualdades socioeconômicas devem ser reduzidas unicamente através do esforço dos indivíduos.

Ditador: governante absoluto que assume controle completo e pessoal sobre o Estado. Esse governante pode exercer seu poder de forma opressiva.

Elite: um pequeno grupo de pessoas que detêm uma quantidade desproporcional de riqueza e de poder em uma sociedade.

Emigração: ato de deixar o seu próprio país e se mudar permanentemente para outro.

Esquerda: no espectro político, as ideias de quem acredita que cabe também ao Estado reduzir as desigualdades socioeconômicas.

Estado: uma autoridade organizada que tem controle legítimo sobre um território e o monopólio do uso da força dentro dele.

Fascismo: ideologia tipificada por forte liderança, com ênfase na identidade coletiva e pelo uso da violência ou guerra para expandir os interesses do Estado. 

Feminismo: um movimento social que defende a igualdade social, política e econômica entre os sexos. 

Genocídio: matança deliberada de um grupo de pessoas pertencentes a uma mesma religião, etnia ou nação.

Gentrificação: mudança no caráter de uma comunidade urbana decadente que é observável através do aumento no preço das propriedades e no influxo de indivíduos mais ricos.

Globalização: a crescente interconexão e interdependência de sociedades ao redor do mundo, à medida que a mídia e a cultura, os bens de consumo e os interesses econômicos se espalham globalmente.

Glocalização: a modificação de formas globais - desde tendências de moda a gêneros musicais - através do contato com comunidades locais e indivíduos.

Golpe de estado: ato repentino, ilegal e violento de derrubada de um governo ou de um líder. Geralmente é cometido por membros do atual establishment político.

Hegemonia: a conquista da manutenção do poder e a formação de grupos sociais durante esse processo. Antonio Gramsci diz que a hegemonia é a forma como a classe social dominante mantém sua posição.

Identidade: a forma como os indivíduos definem a si mesmos e como as outras pessoas os definem.

Ideologia: um arcabouço de ideias que oferecem um ponto de vista ou conjunto de crenças para um grupo social.

Imperialismo: política de estender o domínio de uma nação por meio de intervenção direta ou indireta nos assuntos de outros países, e a conquista de território e a sujeição de povos na construção de um império.

Marginalização: processo pelo qual uma pessoa ou um grupo de pessoas são excluídos de um grupo poderoso ou dominante, com a consequente perda de poder, status e influência.

Nação: um corpo de pessoas unidas pela cultura, pela história ou pela língua, quase sempre compartilhando uma área geográfica.

Nacionalismo: um senso compartilhado de identificação que é atribuído a uma nação e brota do compromisso com uma ideologia ou cultura em comum.

Neoliberalismo: filosofia política e econômica arraigada na crença de que os livres mercados, o governo limitado e as respostas dos indivíduos oferecem melhores soluções para os problemas que a ação do Estado.

Normas: regras sociais que definem qual é o comportamento esperado de um indivíduo em uma sociedade ou situação em particular.

Oligarquia: forma de governo na qual o poder é mantido por um grupo pequeno e exercido em seu próprio interesse, quase sempre em detrimento da população como um todo.

Patriarcado: um sistema de estratificação social no qual os homens dominam, exploram e oprimem as mulheres.

Racismo: discriminação contra pessoas, geralmente identificadas pela cor da pele, com base em supostas diferenças biológicas, quando, de fato, essas diferenças biológicas foram provadas pela ciência como não existentes.

Soberania: poder supremo como o exercido por um Estado ou governo autônomo, livre de qualquer influência externa ou controle. Geralmente usada para se referir ao direito de uma nação à autodeterminação em assuntos internos e nas relações internacionais com outros países.

Social-democracia: movimento de reforma política defendendo uma transição gradual do capitalismo para o socialismo, por meios pacíficos e democráticos. Seus pressupostos típicos incluem o direito de todos os cidadãos a educação, saúde, salários dos trabalhadores e ausência de discriminação.

Socialismo: uma doutrina política que visa estabelecer igualdade social e econômica. 

Status: a quantidade de prestígio ou importância que uma pessoa tem aos olhos de outros membros da sociedade.

Superpotência: nação soberana com grande poder político e militar, capaz e influenciar a política internacional.

Totalitarismo: regime que subordina os direitos dos indivíduos em favor dos interesses do Estado através do controle de assuntos políticos e econômicos e da determinação de atitudes, valores e crenças da população.

Urbanização: processo de mudança das pessoas de áreas rurais para cidades, e as mudanças sociais que o acompanham. O mundo é crescentemente urbano.

Valores: ideias ou crenças a respeito do valor de uma coisa, processo ou comportamento. Os valores de uma pessoa governam a forma como ela se comporta; os valores de uma sociedade ditam o que é importante e o que não é, o aceitável e o inaceitável. 

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Reflexão sobre o mito da caverna

O pior cego é aquele que não quer ver. Envolto na neblina dos grandes meios de comunicação, verdadeiros oligopólios, negócios de família que transmitem uma visão de mundo de acordo com os próprios interesses. Não existe imparcialidade. Alienados no sofá diante da tela. Correntes voluntárias de indivíduos de massa, forjada pela ignorância planejada detalhadamente pelo não incentivo ao ensino e educação. 

Sem cidade, sem cidadania, ilusão demagoga sobre democracia para manter os privilégios de poucos. Nada mais do que governar para a própria família. Mais vale um gado do que um cidadão para manter os dogmas e paradigmas presentes nas sombras da caverna. Política do confronto e do medo, jogo de falácias, pão e circo. Discursos para aliviar a dor do gado na contínua fuga de debates. Mais uma novela da vida real entre o bem e o mal na busca por heróis e vilões em meio à imperfeição humana. As sombras da caverna permanecem.

Resultado de imagem para mito da caverna

O mito da caverna foi uma alegoria escrita por Platão no livro A República para representar os riscos do senso comum diante da falta de pensamento e de diálogo. A parábola trata de um grupo de pessoas presas em uma caverna por correntes e forçados a enxergarem apenas a parede que ficava no fundo da caverna. Atrás dessas pessoas havia um muro, uma fogueira no alto e, entre ambos, uma passagem na qual outros indivíduos transitavam e cujas sombras dos objetos que carregavam eram projetadas na parede da caverna em que os prisioneiros eram obrigados a observar.

Em um determinado dia atípico, uma das pessoas consegue se desvencilhar das correntes e se liberta da caverna saindo para o mundo exterior. O choque do indivíduo é imenso ao reparar que a realidade ia muito além do que as simples imagens refletidas na parede da caverna. Assustado com a novidade repleta de formas, cores, luz e objetos, o ex-prisioneiro deseja retornar para a caverna. Entretanto, aos poucos, o mesmo assimila os fatos à sua volta e passa a admirar a paisagem e sua diversidade.

Tomado pelas novas informações e sensações, o fugitivo retorna para a caverna para compartilhar as novidades e dividir a experiência com os prisioneiros. Mas, para a nossa surpresa, as pessoas da caverna não acreditam em suas palavras. Para evitar que suas ideais atraísse mais pessoas e que "tamanha insanidade" se espalhasse dentro da caverna, os prisioneiros matam o fugitivo. "Só existe o que vê e o que vê é só o que há". Homo sem sapiens (homem sem sabedoria). 

Mito da Caverna.

Os pensadores da chamada Escola de Frankfurt alertam para o perigo da manipulação da mídia, imposição da ditadura por meio de uma suposta verdade absoluta e controle da informação. Afinal, para quem está no poder não é interessante uma ruptura. Quanto mais poder concentrado melhor e para atingir tal fim o meio mais fácil é a desinformação levando à apatia e ao enfrentamento com aqueles que pensam diferente. Desigualdade por meio de cortes e o monopólio do uso da força. Apenas um rebanho para dizer amém. Como exemplo é possível citar a ascensão do totalitarismo no início do século passado. Refém da própria estupidez. 

É preciso pensar, ter senso crítico para sair do comum. É preciso entender, ler além da notícia, transformar informação em conhecimento. É preciso encontrar a luz para se libertar das correntes da caverna. É preciso ter opinião própria para não se deixar levar pela onda de segundas intenções. Ser diferente, resistir, nadar contra a corrente baseado em fatos, sem a ilusão e pretensão de supostos seres míticos. "Permanecer de pé, de pé até o fim". Quando uma nação se torna refém de mitos e há banalização do bom senso é sinal de que a humanidade perdeu sua essência, tornando-se mais selvagem e irracional do que a mais bruta pedra.