domingo, 4 de outubro de 2020

Comunicado - encerramento das atividades por tempo indeterminado

Queridos amigos e amigas, leitores, colegas da vida,

Venho por meio deste comunicar a interrupção das atividades do blog por tempo indeterminado devido ao fato da minha filha felina Polly ter sido diagnosticada com PIF. Assim sendo, o meu foco total estará no tratamento dela. Agradeço imensamente a todos que refletiram comigo ao longo dos últimos 4 anos e meio, 149 posts e cerca de 10 mil visualizações. Quantas vezes refletimos aqui o quanto vale uma vida?

Vocês sabem que não costumo postar muito sobre a minha vida particular. Porém, hoje será diferente. Infelizmente recebemos ontem a confirmação do diagnóstico de PIF (Peritonite Infecciosa Felina) úmida – causado por um coronavírus felino -  da nossa amada Polly. Estima-se que o tempo médio de vida dela seja de, no máximo, 6 meses.  Portanto, iniciamos hoje uma corrida contra o tempo. A Polly perdeu 800 gramas em um mês e hoje está pesando 2,1kg. Enquanto houver vida haverá esperança!

Obrigado a todos e todas pela atenção!




quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Reflexão sobre as queimadas do Brasil

Nova queimada
Sangue na mata
Fogo na pata
Onça pintada machucada
Fauna acuada
Flora dilacerada
Espécie dizimada
Enquanto segue a mamata
Governo faz piada
Lágrima derramada
Violência legitimada
Natureza?
Aqui não existe mais beleza
Aproveite toda essa impureza
Sorriso falso para conter a tristeza
Crime intencional
Genocídio animal
Amazônia em chamas
Mata Atlântica
Pantanal
Homem irracional
Máscara artificial
Atendendo a interesses
Quem lucra com isso?

Fonte da imagem: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/caiu-na-rede-bandeira-do-brasil-sob-bolsonaro/

Nova queimada
Sangue na mata
Fogo na pata
Onça pintada machucada
Fauna acuada
Flora dilacerada
Espécie dizimada
Enquanto segue a mamata
Governo faz piada
Lágrima derramada
Violência legitimada
Natureza?
Vingança em forma de correnteza
Floresta consumada
Dúvidas nas velhas certezas
Cama desarrumada
Desmatando cada ser de riqueza
Casa incendiada
Calor na sua frieza
Pessoa angustiada
Polarização incentivada
Poema em forma de enxada
Fuligem no ar
Água contaminada
Cortina de fumaça
Solo sem vida
Vítima acusada
Caboclos e índios
Luta em camadas
Atendendo a interesses
Quem ganha com isso?

domingo, 13 de setembro de 2020

Reflexão sobre a política do pão e circo

Prefeitos e vereadores
Deputados e senadores
Presidentes e governadores
Andando para trás
Política de amarras
Roubo nos bastidores
Desordem e regresso
Um novo espetáculo
Show de horrores
Telespectadores
Pão e circo para entreter o cidadão
Alimento em forma de desinformação
Traga mais ração
Lobo em pele de cordeiro
A massa gritando amém
Pão e circo para a população
Salve a nossa seleção!
Uma nova distração
Restos e migalhas
Solução na base da bala
Para!
Falta água, arroz e saneamento básico
Ingredientes para o fracasso
Palhaço
Dê mais ração aos eleitores
Enfim
Gado comendo capim
Juízes amadores 
Ministros, secretários e assessores
A velha corrupção e seus favores
Legisladores e executores
Executando o Estado
De paletó e gravata
Um nó no povo
Novo?
Fogo!
Antigos pecadores
Eleitores como consumidores
E assim a boiada passa
Endividados com os credores
Os ratos se alimentam
Gados como apoiadores
Lunáticos reacionários
Velhos conservadores
Senhoras e senhores.

dia do circo
Fonte da imagem: https://brazilcartoon.com/J.Bosco/work/30479?language=pt_BR

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Reflexão sobre a independência

Dependência
Negacionismo
Terraplanismo
Negligência
Nacionalismo
Doce prisão
Cenas de indiferença
Submissão
Inconsequência
Luto, massificação
Luta, ainda que sombria
Metrópole e colônia
Teoria da conspiração
Feto fadado ao fracasso
O fato do fardado farto
Idolatria
Pobre nação
Descompasso
Território que pulsa energia
Em busca de autonomia
Sem influência
Soberania
A própria potência
Ainda que tardia

Liberdade e Igualdade

Morte ou independência?
Enfrentar velhas pendências
Oligarquias
Deixar as capitanias
Apagar as tiranias
Em plena eminência
Rebeldia
Às margens da sociedade
Marginalizado
Revolução
Proletariado
Indivíduo sem cidadania
Manifestação
Alforria
Em busca da independência
Isegoria
Isonomia
Isocracia
Ainda que tardia.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Reflexão sobre o espetáculo do ciberespaço

Curtida
Comentário
Compartilhamento
Adjetivo subjetivo
Unitário
Esquecimento
Usuário indefinido
Sujeito oculto
Anônimo
Crime escondido
Bom menino
Discurso de ódio
Pervertido
Imagem vazada
Intimidade escancarada
Espetáculo virtual
Popularidade explicitada
Igual o carnaval
Cultura digital
Remédio
Tédio
O novo normal
O artificial como natural
Livrai-nos desse mal
Ostentação
Exposição
Teatro de ilusão
Textão
Falta consolidação
Sobra massificação
Solução temporária?
Rotina imaginária
Vista cansada
Abraços no vento
Alento no relento
A máquina faz a sua parte
Alternativa
Sem privacidade
Há também a arte
A tal da dualidade
Sem segurança
Donos da verdade
Vigilância
Acesso remoto controlado
Fiscalizado
Superior conectado
O outro marginalizado
Acesso negado
Sem esquema
Falha no sistema


Ciberespaço
Confinado
Tem a parte de baixo
Apertado
Teia da teia
Cadeado
Peixes nas redes
Criptomoeda
Deep web
Dark
Nude
www
Fake news
Password
Download
Paranoid android
Internet
Qual é o seu idioma?
Sufocado
Jogando na nuvem
Humanidade em coma
Ajuda de aparelhos
Redução de distância
Brincadeira de criança
Magia da tecnologia
Esperança
Afago
Códigos e senhas
Conectado
Amor
Com puta dor
Cabo enrolado no pescoço
Desgosto
Umbigo no centro
Um novo de novo
Consumo consumado
Cidadão contrariado
Viciado
Todos querem opinar
Até desgastar
Sem embasamento
Reconhecimento no isolamento
Falam por falar
Tem que ser visto
Falado
Lembrado
Até se apagar
Celular deletado
Contato excluído
Juízes da razão
Condenado
Sem perdão
Obrigado
Imposição dos próprios costumes
Exclusão sem diálogo
Padronizado
Comunicação
Não falta explicação
Certos de suas certezas
Fé ou cega convicção?
Julgamento encerrado
Traga mais cerveja
Programa finalizado
Desplugado
O físico como abstrato
Desligado!

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Reflexão sobre o retorno das aulas presenciais em SP

Quanto vale uma vida?
Menos do que cloroquina
Pai, mãe, menino, menina
Pandemia
Qual parte não entenderam?
Miopia
Falta pia
Idolatria à economia
100 mil mortes no Brasil em 5 meses
25 mil óbitos em SP (25% do total)
Mais de 600 na Região Metropolitana de Sorocaba
Praticamente metade só na cidade
Quase 3 milhões de infectados no país
UTIs lotadas
Falta de vagas
Platô elevado
Perigo no interior
Covid cava covas
Mas não é o único
Como será no próximo dia?
Definitivamente
Agonia
Agora não é o momento
Quarentena vazia
Humanidade igual mercadoria
Tchau querida
Adeus tio, adeus tia
Contagem fria
Falta água, torneira e sabão
Falta conscientização
Quem ama, cuida
Cuide-se!
Professor menosprezado
Ninguém quer lecionar
É muito fácil criticar
Discurso esvaziado
Bolso furado
Profissional mal pago
Servidor como escravo
Conquistando menos que um salário
Gastando a sola do sapato
Enquadrado pelo mercado
Quem são os responsáveis? 
Quando pais e filhos começarem a adoecer
Quando o novo e o velho começarem a morrer
Quem vai se esconder?
Querem pagar para ver
E vão pagar caro
E daí?
Ônibus lotado
Estudo descartado
Falta de recurso
Falta curso
Funcionário público não concursado
Contratado
O estudo não está parado
Segue em isolamento
Isolado
Não é o melhor dos mundos
Mas não podemos esquecer do outro lado
Mais gente circulando, o vírus circula também
Exemplo: do que adianta cobrar se ninguém pratica?

Sala de aula vazia; retorno das aulas em São Paulo é previsto para setembro - SEE SP

Quais são as prioridades?
Falta empatia
Mas sobra cloroquina
Melancolia
Falta teste
Sem cuidado ao mestre
Acúmulo de cargos
Ensino sem renda
Falta merenda
Professor não precisa comer
Roupa repleta de emenda
Se renda...
Renda-se!
Sala precarizada
"Não existe amor em SP"
São Paulo é o epicentro
Todo dia um novo aumento
Covid cava covas
Mas não é o único
Mentira ou verdade?
Não importa cor, sexo ou idade
Falta maturidade
Vidas em risco
Quem se importa?
Ano perdido apenas para quem morreu
Para aprender é preciso estar vivo
Flexibilização acelerada
Retorno que só causa transtorno
Aula forçada
Alterando as regras no meio do jogo
Sem remédio ou vacina
Acham pouco
Leva avô, avó, filho, filha
O vírus não é só na grama da vizinha
Sem saúde não há bem-estar ou qualidade de ensino
Quanto vale uma vida?

terça-feira, 21 de julho de 2020

Reflexão sobre a austeridade

Corta equidade
Corta humanidade
Austeridade
Contra a própria vontade
Submisso às instituições supranacionais
Perda de autonomia para órgãos internacionais
Falta vergonha na cara
Falta cortar na própria pele
Corta postos de trabalhos
Corta salários
Só não corta privilégios
Nem benefícios das elites 
Menor de idade 
Pequeno empresário
Humilhado no semáforo
Sem identidade
Desespero
Austeridade
Corta a autenticidade
Trabalhador precarizado
Sem dignidade
De joelhos 
Pura maldade
Cabeça abaixada
Tentando manter a honestidade
Trabalhador endividado
Morrendo aos poucos
Qual o seu pecado?
Mas o Estado não pode ceder
Sede por lucro
Cede para o capital
Cortes
Em prol da especulação financeira
Colonização estrangeira


Corta direitos
Falta empatia
Escravidão contemporânea
Negociação direto com o patrão
Bancos continuam lucrando
Mesmo com a desgraça alheia
Sem impostos para as grandes fortunas
Mas querem lançar um velho novo tributo
Austeridade
Discurso vazio, sem verdade
Buscando cumplicidade
Cortes
Piada neoliberal
Austeridade
Sem legitimidade
Corta florestas
Corta vidas
Energia renovável para investir
Para o governo tudo é gasto
A vida se torna um grande fardo
Alívio na morte dos aposentados
Peso morto
Omissão calculada
Lavando as mãos
Garoto propaganda
Vendendo cloroquina
Quem está ganhando com esse teatro de mentiras?
Fake news todo santo dia
Falso messias


Corta saúde
Corta educação
O cidadão que lute
Austeridade
Esquecido na cidade
Apodrecendo com as ferrovias
Tantas alternativas 
Dinheiro represado nos bancos
Sem linha de crédito disponível
Pequenos negócios fechando
Filhos da pátria infectados, doentes
Contaminados cavando covas
Enquanto o dinheiro continua no cofre
País economizando os fundos da reserva nacional
Enquanto os filhos morrem todos os dias 
Cortes
Narrativa neoliberal
Sem investimento
Apenas reformas
O Estado não é empresa
O Estado não é privado
Do que adianta se submeter às leis de um país demiurgo
Se tal Leviatã atende somente a interesses oligárquicos?
Apagando a comunidade
Às margens da sociedade
Austeridade.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Reflexão sobre a obsolescência programada


Marca de nascença
Código de barras
Um dia tudo acaba
Essa abstinência que não passa
De volta ao princípio
O pequeno príncipe
Tentando ser melhor do que ontem
Com os dias sempre iguais
Correndo atrás do próprio rabo
Animal racional
Natureza artificial
Por favor, se afaste
Afaste todo o mal
Isolamento social
Anda me lembro do sorriso
Acho que o normal nunca existiu
Se eu pudesse voltar para o começo
Hoje eu nem me conheço
Adolescência fracassada
Obsolescência programada

Um dia tudo acaba
O amanhã não será como hoje
De volta ao futuro
Procuro fazer o meu melhor
Mas nem sempre é suficiente
Qual será o meu presente?
Neblina matinal
Café na cama
Novo normal
Sem saúde mental
Não quero ser como antes
Ainda lembro de você
Apagando as cinzas da memória
Embaixo da terra
Essência no espaço
Vejo a sua estrela brilhar
Constelação de touro em aquário
Enquanto isso eu continuo a lutar
Continuo sendo o mesmo otário
Embaixo da coberta
Fugindo das sombras e do frio
Sigo em frente sem saber
Data de validade
Consumo descartável
Apenas um corpo estragado
Parado
Penso no peso do passado
Pessoas especiais
Um dia tudo acaba
Adolescência inadequada
Obsolescência programada


Lembro como éramos felizes
Sobre como as coisas não duram
Se você pudesse ao menos me ouvir
Eu sei que tudo tem um fim
Guarde o melhor para mim
Talvez eu esteja atrasado
Mas eu me lembro de você
Talvez eu faça tudo errado
Só gostaria de agradecer
Programado para morrer
Eu só gostaria de agradecer
Afinal, um dia tudo acaba
Só queria saber como vai você
Seguro dentro de casa
Preso em si mesmo
Adolescência enferrujada
Obsolescência programada

Um dia tudo acaba
Máquina quebrada
Lembranças da antiga fábrica
Código de barras
Face rosada sem vida
O vento que corta
Um dia tudo isso passa
Espero te encontrar na próxima estação
Lembro que éramos felizes
Amarga recordação
Apenas um na multidão 
Distorção no espelho
Utilizando máscaras
Nem sei mais quem sou
Lembro do seu conselho
Um dia tudo isso passa
Patente registrada
Criança comportada
Etiqueta de marca
Adolescência ultrapassada
Obsolescência programada.

sábado, 13 de junho de 2020

Reflexão sobre a plutocracia

Influência do dinheiro
Lobby
Poder corrompido pelo capital
Pateta puxando Pluto
Animal puxando animal
Plutocracia
Governo oligárquico dos ricos
Empresário puxando empregado
Animal puxando animal
Plutocracia
Acorrentada democracia
Demagogia
Desigualdade social
A coleira nas mãos de poucos
Oligarquia
Nada igual
Pobres cachorros
Sonho médio
Morando com a mamãe
E ainda quer dar sermão sobre meritocracia
O novo normal
PF de presente 
Presente do papai para os filhos
Capital federal
Vergonha internacional
Receita neoliberal
Sem fronteiras
Supranacional


A coleira no pescoço da maioria
Eu não consigo respirar
Plutocracia oligárquica
Sem ar
Eu não consigo respirar
Preconceito estrutural explícito
Máscaras para esconder o sorriso
Luta de classes
Sem mobilidade social
Realidade nacional
Lucro bancário
Aumento da fome
A burguesia fede
Verticalidade
Sujeira na cidade
Pateta puxando Pluto
Puto
Plutocracia
Animal puxando animal
Empresário puxando empregado
Orgulho nacional
Riqueza material
Vale mais do que vidas
Jogo de interesses individuais
Poder sem pudor
Exclusão do povo
Desigualdade entre iguais
Raiva contra a máquina
Sistema para baixo
Pateta puxando Pluto
Empresário puxando empregado
Movidos pela força do dinheiro e do ódio
Um em busca de status
O outro por um prato na mesa
Rotina de sobrevivência
Pateta puxando Pluto
Empresário puxando empregado
Plutocracia.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Reflexão sobre o silêncio

Lugares sem vida
Espaços não preenchidos
Apenas paisagens
Imagens frias
Corredores vazios
Moradores de rua
Animais abandonados
Pessoa sem lar
Frio intenso
Nem sempre o silêncio é sinônimo de paz
Uma nova onda que se aproxima
Gostaria que fosse o mar
Preconceito, xenofobia, racismo
Quem cala consente
Quantas lembranças as areias carregam?
Uma mensagem escondida
Canção para alguém que se foi
Por favor, diga que não é verdade
Bomba no ouvido
Gás nos olhos
Falência do sistema respiratório
A extensão da miséria
A compra ao invés da adoção
Reabertura comercial por pressão
Fetichismo mascarado
O aumento da pobreza
O frio da madrugada que corta e queima
Uma vida a menos
Tantos lugares sem conhecer
O que nos sobra?
Isolado
Sozinho
Silêncio


Um doce passado
Um duro presente
O que será do futuro?
A quebra é tamanha
Assim como as ondas que quebram nas rochas
Um oceano inteiro de solidão
Eu mantenho os olhos no chão
Por favor, não nos abandone
Uma parada súbita
Um frio intenso
Manto de desigualdades
Pessoas na rua
Sem calor humano para aquecer
Apenas mais um corpo estendido
Deve haver algum mal-entendido
Uma vida a menos
Gostaria que fosse mentira
Dias cinzentos mesmo sem nuvens
Uma palavra amiga
Carta de despedida
Texto para os amigos
Nem isso
Áudio vazado em tom de desabafo
Memória apagada
Lembranças nunca esquecidas
Encontros e desencontros
O entardecer se aproxima
Espetáculo de cores no céu
Se sim...
Silêncio
Gangorra parada
Geada
Grito
Barca furada
Uma nova quebra
Uma outra estação
Estrela em chamas
Luz que se apaga
Quem cala consente
Sem tempo, sem espaço
Nem mesmo para um último abraço
Quem está pronto para o adeus?

sábado, 23 de maio de 2020

Reflexão sobre o Bovid-19

A ignorância é um vírus que mata diariamente
Pessoas sem nomes, apenas números
01, 02, 03, 04
Mais de 20 mil vidas ceifadas
Berrante na mão
Porteira fechada
Político de estimação
No meio da pandemia
A boiada vai passando
Desfile de milicianos, corruptos e assassinos
Falta de decoro e compromisso
Velha política há 3 décadas
Em defesa apenas da família e dos amigos
Práticas antigas de patrimonialismo
Acefalite aguda
Doença crônica e contagiosa
Pois falta cérebro e coração
Mantenha distância
Cheiro de esgoto vindo do presidente
Enjoo, ânsia, febre, dor de cabeça
Com ele não há espaço para a ciência e pesquisa
Apoiadores que desprezam os profissionais da saúde, educação e justiça
Pequenas empresas sem auxílio
Grandes gastos com o gado
Ração de primeira via cloroquina
É preciso puxar a carroça
Disputa mesquinha por poder
Extrema-direita cega e fascista
É preciso fazer a faxina
Palavrões que explicitam o óbvio
Discurso de raiva, sangue e ódio
Alimentando a inveja e o rancor
Bandeira do preconceito e da intolerância
Mantenha distância por segurança
Anomalia contagiosa que afeta a sanidade
Álcool, sabonete, desinfetante e água sanitária
Tudo isso é pouco para limpar a sujeira do governo federal
Poder executivo que executa
Se diz cristão
Mas só sabe fazer o mal


A resistência se faz todos os dias
É a luta do cidadão comum pela sobrevivência
Ofensas ao bom senso
A prisão os aguarda
Vomitando vermes
Falta empatia e compaixão
Carro sem freio em plena ladeira
Máquina estatal a serviço do neoliberal
Contradição do capital
Enquanto isso caixões se acumulam
Não há um programa nacional
Não há testes
Falta leito de hospital
Máscaras caem novamente
Quantas notas de repúdio serão necessárias?
Quando as instituições ditas democráticas irão agir?
Chega de falácia
Não há tempo a perder
A revolução acontece todos os dias
A cada suor derramado
A cada prato de comida conquistado
O berrante continua a soar
Carreata esvaziada de gados
Rodeio de desinformação
Peça de peão no tabuleiro
O Covid continua a cavar covas
Mas o maior problema do Brasil é o Bovid-19
Desgraça federal
Vácuo presidencial
Se colocasse um cone em seu lugar daria menos errado
Desgoverno cava covas
Esperança de logo vê-lo enterrado
É o que sustenta o trabalhador a cada novo amanhecer
A esperança de acordar todos os dias e conseguir vencer.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Reflexão sobre o cala a boca

Ele quer guerra
Quer te ver sem roupa
Passando fome
Embaixo da ponte
Assistindo ao desfile
Quem você é?
Não perca suas origens
Investigação abafada
Não apague a sua luz
Não abaixe a cabeça
Não diminua o tom de voz
Olhos nos olhos
Desejos obscuros
Pedido indecente
Ameaças
Ele quer guerra
Quer dividir o povo
E está conseguindo
Um cala a boca todo dia
Liberdade de expressão?
Vontade de gritar
Dias de luta
Não adianta se esconder
Cidadão isentão em cima do muro
Atemporal
Apolítico
Enquanto isso a história é escrita
Qual será a sua desculpa?
Qual será a narrativa esquecida?
Pandemia de ignorância
O pior vírus
Calma
É só um presidentizinho
Vai passar


Ele quer guerra
Não quer ouvir ninguém
Exceto aqueles próximos
Amigos da milícia
Cala a boca jornalista!
Já leu esse livro?
E a história se repete
Que a força esteja com você
Para não se cansar de questionar
Pois na vida nada é estático
Tem que incomodar o fascismo mesmo
AI-5
Ditadura nunca mais
Sem essa de lamber o distintivo
Quando não lembrar
Basta consultar os arquivos
Respeito
Nomes desconhecidos
Rostos antigos
Um dia você também será
Com quem quer descansar?
Mas ele quer guerra
Quer se reeleger a qualquer preço
Inconsequente
Então pessoas agonizam sem ar
Fila no banco e no hospital
Ele está aí
Está aqui
Ele está ali
E daí?
Nada como o nosso lar
Onde você está?

voto de silêncio

Ele quer guerra
Quer ver você rastejar
Implorar por uma migalha de pão
Ele quer te ver agonizar
De joelhos e arma na cabeça
Quem acoberta assassinos?
Diga o que quiser
Perdão
Não possuo sangue na mão
Cala a boca!
Apontando o dedo
Disparando cuspi
Enquanto o cidadão é crucificado
Na maca, na cama
No leito da morte
Dilema entre a cruz e a espada
Entre a vida e a economia
Dicotomia
Que dúvida hein?!
Respiração ofegante
Discurso de ódio
Agressões físicas e psicológicas
Nota de repúdio
E o que mais?
Apenas mais uma nota de repúdio
Só?
Corrupção continuada...contaminada
Gravações graves
Cassetetes
Greve!
Será que será suficiente?
Cala a boca cidadão!

Lições de guerra

Ele quer guerra
Quer ver a raiva te dominar
Quer te tirar do sério
Dono da verdade absoluta
Asfixia
Peixe fora d´água
Quem poderia imaginar?
Fuga de debate
Três décadas como deputado sem fazer nada
Esquema ilegal dos filhos
Brincadeira de criança mimada
Você me escuta?
Impressão de falar com a parede
Quem poderia imaginar?
Funcionário fantasma
Desvio de conduta
Falta de etiqueta
Autoritário
Insano
Qual adjetivo usar?
Negativo
Ele quer guerra
Quer te matar
Te ver louco
Santo do pau oco
Vazio por dentro
Quem poderia imaginar?

Silêncio!

Ele quer guerra
Quer esfregar o coturno na sua cara
Sujo do esgoto
Desespero, desgosto
Estupidez rara
Covas rasas
Enterro rápido
Cala a boca imbecil!
O sofrimento que não para
O que o destino nos prepara?
Desgoverno da mentira
Mais do mesmo
Medo?
A velha rotina
Chame do que quiser
Cala a boca jornalista!
Quais são suas conquistas?
Ele quer guerra
Quer te usar, tirar os seus direitos
E o pior é que está conseguindo
Neoliberalismo de máscaras
Contagioso


Ele quer guerra
Quer dividir a nação
Quer que você peça arrego
Quer tirar a sua dignidade
Humilhação
Quais os projetos?
Qual o plano de ação?
Uma oração para todos os mortos
Silenciados no porão
Um dia o sol vai nascer quadrado
Pague pelos seus atos
Esconda os ratos
Quem você é?
Aprender com o passado
Seguir em frente
Quais são as suas raízes?
Não olhe para trás
Ele quer guerra
Quer te ver sem moradia
Sem estudo
Passado a sujo
O velho discurso do desemprego
O fantasma que realmente assusta o trabalhador
País sem estrutura, pais sem sustento
Família em crise
Quem ganha com toda essa desinformação?
Cala a boca cidadão!
Você já falou demais
Morde e assopra
Vai se cansar de tanto passar pano
Um dia o sol vai brilhar...

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Reflexão sobre a longa noite da política brasileira

O pior está por vir
Recomendação de máscaras
Caixões acumulados
A longa noite ainda nem chegou
Insônia
Impossível dormir
Terra plana medieval que dá voltas
Ministros demitidos
O neoliberalismo não é suficiente
As máscaras caem
Vendas nos olhos
A mamata só aumentou
Brasília em chamas
O circo pega fogo
Desvio de foco em plena pandemia
E a economia?
Campanha milionária contra o isolamento
Milicianos, corruptos, genocidas
Tentando tapar o sol com a peneira
Sujeira embaixo do tapete
Queimam florestas
Queimam arquivos
Sua santa ignorância dignificada
Aliança com o centrão
Cegueira conservadora
Um falso profeta
Encantador de gado
Fazendo pior do que no passado
Lamento de desempregado
Mas o lucro dos banqueiros está pago
Óbitos acumulados
Gabinete do ódio responsável por fake news
Compartilhamento institucional de mentiras
A casa caiu
Só aumenta o número de contaminados
O pior vírus está no assento presidencial
Interferência 
Perseguição à imprensa
Plutocracia
Desprezo por vidas
Gestão de negócios ilícitos
Funcionários fantasmas
Rachadinha
E então as máscaras caem!


O pior está por vir
O povo adoece com o Covid
As máscaras caem
Vendas nos olhos
Mera fantasia?
Neoliberais mendigando ajuda do Estado
Contradição explícita
Esmola atrasada para matar a fome
As contas não param de chegar
Os ricos cada vez mais ricos
Sem taxação de impostos nas grandes fortunas
A desigualdade só aumenta
E a raiva também
Os pobres cada vez mais pobres
É hora de se rebelar
Império de cartas arruinado
O coringa está fora de jogo
Interesses privados em primeiro lugar
A tampa da privada está aberta
Sem nenhum espírito de coletividade
Enquanto pessoas morrem
É preciso luz
Iluminar a ignorância
Nítida formação de quadrilha
Sujos como porcos
Seguidores que comem lama
Fazer arminha não vai recuperar os empregos
É hora de acordar trabalhador brasileiro!
Escravidão contemporânea em pleno século XXI
Desrespeito à vida em prol das finanças
Laranjal brasilis
Para ser criminoso não é preciso ter partido
Bolsominion arrependido
Dólar nas alturas
A longa noite ainda nem chegou
Olhos abertos, cansaço, exausto
Insônia
Impossível dormir
É só o começo, o auge está por vir
Sangue nas mãos
Golden shower no cidadão
Ocultação de cadáver
Vulgar, censura explícita
Nióbio como solução
Contrariando a ciência e o mundo
Idiotas acéfalos
E a economia?
A união foi rasgada
Capetão
A Constituição não pode ser personificada
Defesa dos próprios crimes
Família bandida cavando covas
Cagando no povo brasileiro
Pasto cheio de merda!

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Reflexão sobre a Idade Média do Brasil

A Idade Média é hoje
A Idade Média é aqui
A Idade Média do Brasil
Conversão forçada
Vozes apagadas
Cultura esquecida
Os índios nunca existiram
A descoberta da maçã
Pragas na plantação
Feche os olhos, tape os ouvidos
Uma oração, uma prece
Doença como mensagem
Nada disso é verdade
Governo laico é cristão
Falta informação
Subnotificação
Calos na mão
Vassalo
Barro na bota
Situação precária
O humilde desprezado
É o mesmo que constrói o Estado
Estrato hierarquizado
Cavaleiros templários
Guerra dos tronos
Medo do desconhecido
Cheiro de flores e velas
Mentiras em tudo que creio
Espada sem armadura
Pessoas de máscara
Face sem identidade
Perseguição a quem pensa diferente
Escravo do sistema
O refúgio da bebida
Acúmulo de riqueza
Fuga de debates
Por favor, sem questionamentos
Nada mudou
Amém!

A Inquisição foi um dos eventos mais importantes da Idade Média. Nela, todos aqueles que não seguiam a doutrina da Igreja eram perseguidos e mortos.

A Idade Média é agora
Sociedade média brasileira
Arcaica
Conservadora nos costumes
Liberal no mercado
Sem escola, sem hospital
Patrimonialismo medieval
Fome, miséria
Triste pobreza
Pobre tristeza
Fortaleza
Qualquer semelhança não é mera coincidência
Livros e pesquisas na fogueira
Queima de mulheres
Queima de arquivos
Peste Bubônica assim como Covid-19
Magia é a tecnologia
Largue o celular e comece a rezar
Fúria divina
Erupção, terremoto, pandemia
O dízimo para comprar o seu lugar no paraíso
Ironia
A guerra é a salvação
O inferno são os outros
Senhores das armas, corrupção
Habeas corpus
Terra plana
O homem é o centro do universo
Uma imagem para adoração
Inquisição
Bárbaros em pele de cordeiros
A culpa é do estrangeiro
Lei da natureza?
Pecados pelo poder
Perdão
Rua de terra batida
A desigualdade constrói
Submissão
Preconceito, racismo
Tribunal em praça pública
Contradição entre discurso e realidade
Forca pela moral
Cegos do castelo
A superioridade da família tradicional
Palhaços
A eterna batalha entre o bem e o mal
A ignorância é o padrão
No pasto tem gente
Boçal
Bobos da Corte
Censura desmitificada 
O terror em seu uniforme
Nada mudou
Aleluia!


A Idade Média é aqui, é hoje
A Idade Média do Brasil
Em nome do pai, do filho, do espírito
E da grana também
Estupro nas ruas, sangue nas favelas
Violência protecionista
Indiferença
Falta moradia e saneamento
Esgoto a céu aberto
Era das trevas
Alienígenas do passado
Clero secular
A luz sufoca
Devoção ao trabalho
Indicação
Sem água para lavar as mãos
Sangue para louvação
Idolatrando regime opressor
Vende-se pedaço da cruz
O sacrifício necessário
Valas sem nomes
Indigente
O rei é o novo presidente
Teocracia autoritária
Crianças como servos nos semáforos
Bares abertos
Buraco
Comércio de drogas
Ascensão e queda de impérios
Ingrato
Pequenos feudos pagos
Condomínios de luxo
Escambo
O que você tem para me dar em troca?
Nada de ciência
A verdade escondida
Analfabetos funcionais
População marginalizada
O conhecimento é para poucos
Roubo, assassinato, tortura
Arma na mão, mão na cabeça
De joelhos
Nada mudou
Amém!

terça-feira, 24 de março de 2020

Reflexão sobre a crise da crise da crise

Covid cava covas
Mas não é o único
Crise da crise da crise
Falta ar!
Quisera acreditar em mera fantasia
Sem rastros, sem vestígios
Velório interrompido
Faltam testes, faltam kits
Flexibilização trabalhista na calada da noite
A chama da fé continua acessa
Esperança por dias melhores
Quantos curados? Quantos feridos?
A cada manhã um novo número de óbitos
A realidade se impõe
Sem ilusões
Casos confirmados
Contradições
Fuga de debates, fuga de entrevistas
Silêncio...
Os médicos cubanos são mais do que bem-vindos
O mundo abre os braços para o desconhecido
Aceita a ajuda mesmo mantendo as restrições
A piada mora em Brasília
Mesmo sobrenome de família
Política do pão e circo
Panelas na hora da janta
Barulho ao invés de comida
Despreparo, desgoverno
Ânsia, enjoo
Sintomas de um caso sério de desrespeito
Contaminação, colapso
Aplausos para os profissionais de atividades essenciais
Doações fazem a diferença
Empatia
Dias de luta
O pulso ainda pulsa
O coração ainda bate
Respire fundo...
Juntos venceremos!

Covid cava covas
Mas não é o único
Preço de máscaras em alta
Pessoas doentes precisando de atenção urgente
Corrida aos mercados, fila furada
Corrupção só de políticos?
O egoísmo em detrimento do coletivo
Enquanto isso tem gente falecendo
Hospitais lutando para pagar os insumos
Um soco no estômago
Ganância que mata
Pedidos de privatização do país
Mas quando a crise chega todos correm para o Estado
Corrupção de engravatados em busca de lucro
Mesmo quando o assunto é a saúde pública
Sugando o povo até o último suspiro
Falta de ar, não é difícil sentir
E os trabalhadores?
Falta álcool em gel nas prateleiras por aqui
Vai passar...
O medo do capital fala mais alto do que o abrigo a quem precisa
Moradores de rua mesmo com moradias vazias
Tapa nas costas ao invés de mãos estendidas
Crise da crise da crise


Covid cava covas
Mas não é o único
Funcionários da saúde exaustos
O desafio está apenas começando
Líderes prudentes preocupados
Enquanto isso a milícia ocupa o assento principal
Qual será o novo decreto presidencial?
Discursos sem sentido
Poder Executivo novamente corrompido
Levando outro palhaço para dar entrevista no Planalto Central
Brincadeira de mal gosto
Há quem alegue mentira
Um falso messias
Fantasia? Comigo não
Infecção
Culpa da mídia, fake news?
Rodeado de testes positivos
O pior cego é aquele que não quer ver
Gripezinha e histeria?
Falta de ar que está mais para pneumonia
Pandemia que mata todos os dias
Crise da crise da crise
Pesquisadores e cientistas
Trabalho de formiguinha
União
Se o problema fosse só estocar vento...
Venceremos!

Comitê de Crise de Itapeva avisa que há 3 casos suspeitos de COVID-19 na cidade 1

Covid cava covas
Mas não é o único
Ora, ora, ora
Empresários neoliberais pedindo auxílio para o Estado
Neoliberais?
O capital e suas crises
Não há equilíbrio com o lucro
Falta o principal
Falta se importar com as pessoas
A lei de mercado não é suficiente
Nunca foi, nunca será
Pois é necessário que muitos percam para outrem ganhar
Não me venha falar em meritocracia sem igualdade de oportunidades
Um berço de ouro, um colo do papai
Eduardo Bananinha quer arrumar briguinha
Viagens constantes para os Estados Unidos
Quem paga a conta?
Alinhamento automático irracional
Submissão regional
Apontando o dedo sujo para os asiáticos pela pandemia
Mal se lembra do polo propagador do Zika Vírus
Procurando culpados, não soluções
Intolerância, ignorância
Falso herói nacional vestido de Tio Sam
Mais para patético do que patriótico
Mamata? Mito? Minto
Mugidos que ainda ecoam
Um grito uníssono que ganha força
Gado! Gado! Gado!
E assim o pasto vai se esvaziando
Lambendo a solo do sapato da burguesia
Enquanto o circo pega fogo
Crise da crise da crise
Venceremos!


Covid cava covas
Mas não é o único
A informalidade só aumenta
Uma eterna corrente capitalista
Que esgota os recursos e os espaços
Desfazendo laços
Depois se muda sem deixar saudades
Deixando um rastro de indiferença
Sempre pronto para ocupar o próximo território
Se o problema fosse só uma pessoa...
Nessas horas não há fronteira
Voto de protesto com um alto custo
Governando para poucos apoiadores acéfalos
Ainda não perceberam que estamos no mesmo barco
E o barco está furado, afundando
A água está no pescoço
Fuzil não combate vírus
Não adianta fazer arminha
Dinheiro não compra bom senso
É preciso assumir os próprios atos e suas consequências
Quem é o inimigo agora?
Covid cava covas
Mas não é o único...
Crise da crise da crise
Falta ar
Venceremos!

terça-feira, 17 de março de 2020

Reflexão sobre a pandemia

Um surto em Hubei
De repente a capital Wuhan encontrou-se em quarentena
Cidade fantasma, sem vida
Um espaço transformado em paisagem em poucos dias
As divisas geográficas podem ser físicas ou imaginárias
De qualquer modo não contêm a propagação do vírus
E o que estava localizado e aparentemente restrito
Se espalhou por todo um país
O surto virou epidemia, atacou o povo da China
Propagação pelo leste asiático
A urgência não espera
Redes conectadas, globalização contemporânea
Trânsito de carros, trânsito de pessoas
A lotação é a fonte do contagio
Um avião da classe média alta rumo ao velho continente
A burguesia é o verdadeiro parasita
Logo a Europa entrou em apuros
Restrições, medo, agitação, ansiedade, desespero
Adjetivos nem sempre são positivos
Alívio ao receber o teste negativo
Acúmulo de mercadorias (nada de novo)
Estoque de validades vencidas
Todos têm um prazo
A vaidade do primeiro mundo diminuída a um vírus
Fronteiras fechadas (nada de novo)
Muito além da xenofobia
Itália, Espanha, Hungria
Mas agora as portas estão fechadas para todos
A epidemia viralizou, transformou-se em pandemia
Em todos os continentes do mundo
Relações líquidas
Tem gente pensando só na economia
E a vida?
Lojas fechando, indústrias falindo
E a vida?
A culpa é do outro
Mais uma crise cíclica
As redes estão paralisadas
Os jogos estão paralisados
Os beijos, os abraços...
Devoção ao trabalho
E a vida?
Capital parasita
O café que esfria na xícara
Os idosos isolados, esquecidos, afastados
A idade não espera
Sem visitas
E as vidas?
E as dívidas?
Ônibus lotado, ruas vazias
Os corpos contaminados se acumulam
Chegou no Brasil, era só uma questão de tempo
Um país sem presidente
Incentivando a irresponsabilidade social
A sociedade é feita de pessoas, mas também de gado
Rotina alterada, escolas fechadas
Elevação nos preços, elevação no dólar
Eles só pensam em números
E a vida?
Doença quase invisível, mas tem nome
Covid-19
Talvez pudesse se chamar desemprego ou fome
Trancado em poucos metros quadrados
Até quando a sanidade suporta?
Os casos se multiplicam
Efeito dominó da exaustão
Já estávamos doentes antes do vírus chegar
Máscaras na vitrine, desfile de cadáveres
Casos reais, mas tem gente achando que é brincadeira
Corona! Corona! Corona!
Falta de ar
Um último suspiro
Só assim para abrir os olhos
Qual será a desculpa da vez?
Vacina é tecnologia, mas há teto para a saúde e educação
A velha teoria da conspiração
Quem estenderá as mãos quando o resultado der positivo?
Queda de peças, todos estão no tabuleiro
Filas nos mercados, tensão nos hospitais
Enquanto isso prisioneiros fogem das cadeias
Os verdadeiros assassinos estão soltos
O trabalhador permanece preso
Mudanças de hábitos e de comportamento
E de repente a ficha caiu
Do que vale tanta correria todos os dias
Se no final de cada filme os protagonistas morrerão?



domingo, 1 de março de 2020

Reflexão sobre a construção da negação

Não!
Tão curto quanto sim
Mais complexo
Pois a aceitação passiva é o que eles querem
Quem? Você sabe a resposta
Abaixar a cabeça e sempre dizer sim
Não!
Nem sempre é fácil continuar
Seguir em frente
Nadar contra a corrente
Correntes que prendem sem maré
Verdadeiros grilhões de gente
Uma vivência sem ser vivida
Sufocada
É preciso aprender
Não!
É preciso dizer não
Pois nem só de amor se constrói uma nação
A submissão é o x da questão
Não!
Um ser humano não se forma apenas com sim
Preocupação com desprezo? Aceitação?
Não!
Palavra carregada de estigmas, curta sem ser simples
Não sem ser vulgar
Expressão de uma opinião
Uma reflexão diante da multidão
Não!
Às vezes tão difícil de dizer
Cai no esquecimento
É mais fácil aceitar
Deixar como está
Sim, sim, sim, sim...
Não senhor! Não senhora!
Não!
Palavra temida, mistificada
Desde criança programada a dizer sim
Sim na escola, na casa, no trabalho, na igreja
Mas a negação também constrói
Quando aprender a dizer não?
Qual a melhor hora, o melhor lugar antes que seja tarde?
Não se trata de uma balança de valores, mas de realidade
Pois se o amor e o sim deixam sementes, a negação também
O não também constrói
O não ao que nos faz mal
Não aos privilégios
Não às injustiças
Não à voz autoritária da violência
Não ao não atendimento
Sim, a negação também edifica
Dá coragem, cria asas
Liberdade, igualdade e fraternidade
Livre-arbítrio
Temos mesmo escolhas livres e oportunidades iguais?
Uma democracia que permite escravidão
Não!
Assim como o amor, o ódio também pode construir
Ódio aos que brincam com a vida alheia
Ódio aos que maltratam animais
Ódio aos que usam e abusam dos outros
A repulsa como formação de caráter
Não é preciso agredir ninguém
Não é preciso sangrar para sorrir
Só não podemos nos esquecer
Não podemos deixar de cobrar e nos indignar
Um remédio à indiferença, às desigualdades
Uma forma de extravasar para não implodir
De dentro para fora, de fora para dentro
Não, como vontade própria
Uma revolta? Uma revolução?
Ou então seguir com a massa
Quantas cabeças de gado?
Não!
Sem concordância com justificativa
A negação também constrói
Longe da perfeição divina
Apenas humanos na dura realidade do dia-a-dia
Sem romantismo
Como crianças no berçário ou anjos enjaulados
Sem narrativas ou pós-verdade
Apenas as coisas como são
Não!
Pois a construção cidadã passa por essa via
Para não aceitar qualquer porcaria
A negação é construtiva
É preciso aprender a dizer não!
Não!

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Reflexão sobre a reificação

"Penso, logo existo". A celebre afirmação filosófica de Descartes guarda em si um risco inerente se aplicada em sua totalidade extremada de modo que o pensar venha a suprimir o sentir. A capacidade intelectual é um dos atributos centrais (se não o principal) que qualifica e diferencia a humanidade dos animais e demais seres vivos. A problematização ocorre quando o pensar se radicaliza, excluindo a capacidade afetiva e o próprio sujeito.

O excesso de racionalização já era considerado um perigo para humanidade há tempos, ressaltado por Weber no início do século XX. Com a eclosão das grandes guerras mundiais que assolaram o mundo, a pergunta que ficou era como o ser humano foi capaz de perder o seu caráter natural (perdeu a própria humanidade) ao cometer atrocidades à dignidade alheia e à vida do próximo. Uma das hipóteses levantadas foi a radicalização racional em detrimento do sentimento. 

Assim sendo, para tentar entender os fatores sociais e psíquicos que levam, por exemplo, a genocídios, é possível traçar um paralelo-comparativo entre a reificação de Lukács, a racionalização de Weber e a análise da Escola de Frankfurt. Antes de mais nada se faz necessário uma breve explanação sobre o conceito-título deste post. Reificação é sinônimo de coisificação, ou seja, transformar algo e/ou alguém em coisa, perdendo assim as características constitutivas para uma simples concepção instrumental. 

Povos etiquetados dos seres humanos

Partindo de uma análise marxista, pode-se falar em uma consequência do sistema capitalista cuja troca impessoal de mercadorias e fixação na objetivação leva o ser a perder o seu valor subjetivo e cede espaço para a homogeneização, podendo, inclusive, atingir um comportamento de neutralidade orientado pelo fetichismo e/ou alienação. Tal argumentação é coerente ao constatar que o objetivo do capital é o lucro, construindo relações não pessoais que, como consequência, geram indiferença, individualismo e egoísmo. Entretanto, aqui se coloca uma questão: como explicar a reificação com base apenas na lógica e na práxis do capitalismo se antes mesmo da existência deste já havia escravidão nos tempos distantes das civilizações antigas?

É nesse ponto em que a visão de Honneth ganha força para compor o entendimento sobre o assunto. O mesmo vê o reconhecimento como precedente ao próprio conhecimento. Ele usa o exemplo da psicologia do desenvolvimento em seu livro Reificação para exemplificar o caso da criança que primeiro reconhece o outro e, somente em um estágio posterior, passa a adquirir conhecimento.  Portanto, para este autor, a reificação seria como um esquecimento do reconhecimento, seja por convicções ideológicas, seja por desvios patológicos. Desse modo, a reificação pode ser entendida como a perda da participação e do engajamento. A dualidade permite também o entendimento como a utilização (coisificação) do outro como objeto (coisa) para atender determinado objetivo (escravidão).

O entendimento de reconhecimento pode ser expandido para além da questão social (entre pessoas), mas também para outros seres vivos, objetos (valor afetivo) e até consigo mesmo. Portanto, não seria exagero falar em uma autorreificação que atinge três âmbitos, segundo Honneth: (a) intersubjetivo; (b) objetivo; (c) subjetivo. Portanto, a reificação seria o esquecimento do reconhecimento que gera uma cegueira no indivíduo, apagando as qualidades sentimentais. Aliando o conceito a Weber é possível resumir como o afirmado anteriormente: exacerbação da racionalização e esquecimento dos atributos sentimentais. Associaria até o esquecimento do reconhecimento à falta de empatia.

A sociedade do espetáculo e a coisificação do homem

Lukács utiliza-se de uma excessiva generalização em sua análise sobre a reificação, influenciado sobretudo pela ênfase econômica marxista, concebendo a coisificação devido às trocas de mercadorias na dinâmica social do capital, sufocando assim a subjetividade inerente à natureza humana. Como exemplo é possível apontar os crimes de guerra e violações dos direitos humanos pelo nacionalismo extremado. Portanto, não seria exagero apontar o sistema como potencializador da reificação. Mesmo antes do capitalismo formal, os sistemas anteriores se baseavam na mercantilização e no ganho pessoal. Ora, para que alguém ganhe é preciso que outrem perca. Assim sendo, a lógica embrionária do capital já estava ali, sendo este apenas a intensificação evolutiva do que já ocorria em tempos anteriores.

O espetáculo está na alta competitividade onde somente a vitória interessa. O papel que se espera é uma padronização que esteja alinhada com a etiquete comportamental desejada pelo status quo, mantendo assim a dominação daqueles que estão no poder, consolidando os seus privilégios. Ou todos acreditam na sinceridade plena nas maiorias das entrevistas de empregos? O produzido nem sempre é levado em conta, pois é passado. Há muita expectativa na adesão futura às políticas da empresa e qualquer desvio (desvio no sentido amplo do entendimento que cada norma sugere) é pior do que uma qualificação sincera. O mesmo se aplica, como o próprio Honneth exemplifica em Reificação, sobre os sites de relacionamentos e procura por parceiro. Os rótulos estão por todas as partes.

O intuito desta reflexão não é esgotar o debate sobre a reificação, mas alertar para o perigo da racionalização cultuada, por vezes, acima do valor da própria vida. A transformação de atributos qualitativos em coisas é um risco social. O esquecimento do reconhecimento pode se dar para com os outros indivíduos, para com os objetos ou mesmo com o próprio sujeito. Dada as devidas proporções, a união de fragmentos dos pensamentos de Weber, Lukács e Honneth se faz viável como um grito de cuidado para a contemporaneidade globalizada. Não podemos nos esquecer das atrocidades e de quem somos. Reconhecer não é concordar, mas respeitar. Cabe ainda uma reflexão final de Trótski: "se os fins justificam os meios, o que justifica os fins?". 

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Reflexão sobre o aniversário

Os cabelos brancos aparecem. Dor nas costas, dor de cabeça. Tento ser o melhor possível, mas nem sempre parece ser suficiente. Um novo corte, um novo machucado. As cicatrizes ficam. Enfim deixo o cabelo crescer novamente. Libertação que facilita a fuga, pois é mais fácil se esconder. A rotina se acumula e então me belisco para ver se ainda sei sentir. A realidade distorcida parece um labirinto sem fim. Procuro manter a calma e focar nos objetivos, metas, indicadores, fluxos. Mas os sonhos falam mais alto...

A gravidade vence qualquer tentativa de voar sozinho. Por que continuar? Os animais são os melhores remédios, os remédios se tornam companheiros. Uma picada nova de agulha para a nova idade. Há sempre a ameaça de uma nova epidemia, uma inova invenção, uma nova vacina. Qual a cura? Como atingir o nirvana? Aos poucos ficando para trás. Uma foto antiga, um lugar na memória. Uma família perfeita em algum lugar da história. Sei que não é passado, pois me lembro todo santo dia. Uma década parece muito, mas eu ainda sinto falta. Cada vez mais a certeza de que a saudade será eterna. Impossível não sentir o buraco que a ausência faz. A cada pessoa que amamos quando nos deixa, um vazio novo que jamais será ocupado. E assim o velho vai sendo preenchido.


Eu prometi me manter de pé e com a cabeça erguida. Mas o que me tornei? Todos desejam ser anjos na Terra, mas nos faltam asas. Vícios, pecados, sujeiras. As virtudes são tantas, mas se tornam apagadas. O peso nos ombros sempre fala mais alto. Astigmatismo, miopia, minha vista cada vez mais frágil e cansada. Evito andar pelo sol e aos poucos me acostumei às sombras. Gosto do escuro de casa, gosto da solidão, gosto de dias nublados e da tempestade que chega. Procuro ser forte diante de quem me ama. Procuro ser forte por quem eu amo. E assim cada semana se passa, cada batalha é vencida. Em algum lugar aonde não estou, o lugar mais alto do altar, o primeiro lugar do pódio...espaços tão distantes de serem alcançados. 

Mesmo assim a gente insisti. Luta, procura pelo melhor. Uma coroa de espinhos na liquidez da superficialidade diária. A mentira contada desde criança, a meritocracia abafada lentamente. Letal. A idade pode chegar para todos, mas os bons vão antes. O tempo passa como a areia na ampulheta, as lembranças escapam pelos dedos, mas ainda estou aqui. Não sei até que ponto o declínio é louvável já que até a morte pode ser considerada uma dádiva. Eu realmente posso ser e fazer o que quiser? Há um determinismo nítido, mesmo não sendo positivista.

O maior presente não pude dar. Mas ainda dá tempo. Dá tempo? Ainda dá tempo! Um sorriso tipo analgésico da minha companheira a cada dia de retorno exaustivo do trabalho para o lar. Um carinho sincero dos gatos, uma união entre amigos, um refúgio salvador nos braços da família. O que mais posso querer? Só temo os dias em que perderei aos poucos um a um. Tenho medo de me perder aos poucos. O que é o temor senão o desconhecido? Afinal, todos que conheço vão embora no final. Esse filme cíclico da vida a gente sabe como começa, mas não sabe como, nem quando, se encerra. Termina.

Busca eterna pela felicidade. O que é ser feliz senão os poucos, rápidos e memoráveis momentos de um misto de sinceridade e ingenuidade? O prazer é passageiro, mas o amor fica. As pulsões falam alto, é preciso abrir mão de você mesmo, dos próprios desejos, para não se quebrar em partes. Nem sempre é possível reparar. Quantas velas no bolo? Nós continuamos aqui. Um trono de ostentações superficiais explicitados em fotos pelas redes sociais que escondem as lágrimas da noite. A depressão disfarçada de memes, emojis e figuras. Todos em busca da vida perfeita, se esquecendo que não existe perfeição humana.

O tempo tece sua teia como um vestido invisível, mas a contagem regressiva se inicia logo no nascimento. O prazo de validade corre também pelas veias. Lá está o berço! Um vislumbre rápido do passado e do futuro. Qual será o meu presente? Acreditando nas pessoas mesmo em tempos difíceis de ódio e medo. Portas trancadas, opressão. As luzes vão se apagando. O que fazer quando as cortinas se fecham? Gostaria de ser bom, de ser útil, gostaria de mudar o mundo. Mas o que eu fiz três décadas depois? As pernas doem, assim como quando eu era criança. A caminhada não termina, a chegada nunca chega. 

Os ponteiros por vezes aceleram, por vezes param. Ouço o badalar do sino da igreja, sinto a correria das ruas, a pressão do relógio. Nós continuamos aqui ainda. Uma novidade para uma velha pessoa, uma árvore que cresce, uma criança que nasce, uma flor que brota. A única certeza da vida é que o ciclo deve continuar, o show não pode parar. Rugas, rusgas, rasgos, ossos, sangue. Tudo tem o seu retorno. Eu acredito em algo maior, em uma força superior capaz de explicar o que vai muito além de mim. Existem alguém esperando por você? Existe alguém esperando por mim. Rezando todos os dias, assim como os meus pais ensinaram, apenas para pedir e agradecer. Um ínfimo grão de areia, estrelas cadentes.

Estrela cadente, o que é e quatro dicas para conseguir vê-la

O tempo permite notarmos nossas limitações, evitarmos ilusões. Falta empatia, uma deficiência comum atual. É fácil falar, difícil é fazer melhor. Olho para as estrelas e passo horas assim, só olhando para o céu. Cidades diferentes, outra estação. Não há uma receita para a felicidade, existem diferentes formas. As coisas mudam e a felicidade se reconfigura. Gosto do silêncio da madrugada, gosto do cheiro da noite, gosta das nuvens que passam, gosto do frio e da chuva. Acho que ainda é realmente cedo para partir. Acho que estou aprendendo a ser feliz, mesmo apesar dos pesares.

Quanto vale um sorriso? Quando vale a sua paz? O que é ter qualidade de vida? As perguntas se tornam mais importantes do que as respostas prontas. É subjetivo, é relativo, é o tempo dançando com o espaço. Os degraus vão sendo superados, assim como os obstáculos no meio do caminho. Um leão por vez até a escada para o paraíso. Se eu pudesse começar de novo eu começaria, se eu pudesse melhorar...encontraria um jeito. Velas no bolo, velas no velório. Parafina no corpo, a chama que diminui cada vez mais. Um aniversário a mais ou um ano a menos, o que isso significa?

Os humilhados serão exaltados. Nossa hora vai chegar, mas por que só uma hora? Não pode ser um dia inteiro? Mal posso esperar chegar o meu dia. Mas por que só um dia? Não podem ser vários? De mãos dadas é bem melhor do que mãos vazias. Uma carta amiga, uma palavra de despedida. E se não der tempo? Diga que ama agora, diga que me ama para sempre. Tudo bem quando passa, quando se sente isolado no mundo, quando a angústia dá um nó na garganta. Quando passará? Tudo bem...quando passa. Os anos podem sufocar, mas também podem ser libertadores. A sabedoria não é o que você decora, mas o que aprende. O que eu sei? O que você realmente sabe? 

Padrões dizem o que fazer e como agir. Etiquetas, postura, modelo a ser seguido, código de moral, políticas de empresas, políticas públicas. Mas quem é você? Os outros dizem o que fazer e como agir. Mas quem é você? Desvio de conduta. Uma nova chama, um ser vivo. Uma nova chance, outras oportunidades. Leis, regras, advertências, demissões, suspensões, dívidas, controle, massificação. Quem é você? Quem são seus verdadeiros amigos? Deve haver um lugar melhor, deve haver um lugar bom para todos, talvez longe daqui. Tem que haver um paraíso bem longe daqui. Tem que fazer sentido para que nada tenha sido em vão. Não foi em vão.

No fundo continuo sendo o mesmo cara. Camisa preta larga, jeans, óculos, cabelo comprido, bota no pé. O som continua rolando no volume máximo, é o que dá energia. A mesma satisfação de sentir o vento na face, a mesma alimentação não saudável. A neblina que abraça e arrepia a pele. É o levantar em cada queda, é o superar a cada dor. É o fazer a diferença para alguém, ser admirado de forma verdadeira e ética, é ser amado (não idolatrado). Tantas pessoas especiais que se foram. Tantas pessoas especiais que ainda estão aqui. É preciso aproveitar, apreciar cada momento juntos antes que seja tarde. É preciso viver como se não houvesse amanhã.


Um aniversário nunca será só um aniversário. Ainda dá tempo de ajudar e ser ajudado. Ainda dá tempo de ajustar, consertar o que estiver quebrado. Ainda dá tempo para lutar, de fazer a diferença, tempo de gritar, reivindicar, se revoltar, tempo de agir. Sinto falta do meu pai me chamando de revolucionário, mas talvez ele tivesse razão o tempo todo e só agora eu compreendi. Hoje eu entendo. Há tempo para falar e tempo para ouvir. Há tempo de falhar e tempo para acertar. Hoje eu entendo, sei que nada sei, sei que a pergunta certa vale mais do que qualquer suposta verdade absoluta. Quero me expressar, quero ser ouvido, quero crescer e ser desenvolvido. Um bolo e uma vela: é hora de celebrar. Um beijo e um abraço, o que mais é possível desejar?

Um aniversário nunca será só um aniversário. Fevereiro nunca será apenas mais um mês entre tantos. Não sei se isso é bom ou ruim. Quantos carnavais? Quantos verões? Eu ainda prefiro o inverno. Aniversário de nascimento, aniversário de casamento, aniversário de morte. Todos têm sua importância, não precisa comparar, não precisa ser melhor do que ninguém em uma disputa cega por individualismo e imediatismo. Um último sopro, um último sorriso. Uma vez mais, uma última chance, última dança, últimas palavras. O leite da vida, o leito da morte. Ninguém quer ser esquecido. Tantas pessoas especiais que se foram. Tantas pessoas especiais por aí. Também quero ser especial, também quero ser lembrado por coisas boas. Um aniversário nunca será só um aniversário. Gostaria apenas de agradecer a todos que fizeram e ainda fazem parte desse longo caminho da vida.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Reflexão sobre o nazifascismo no século XXI

Nacionalismo contínuo e exacerbado, desdém pelos direitos humanos, supremacia militar, machismo, mídia de massa parcial, mistura de governo e religião no comando do Estado-nação, ataque aos direitos humanos, perda de direitos trabalhistas, proteção das grandes corporações, desprezo pelas artes e pelos intelectuais, obsessão sobre crime e penas. Definições aceitas para caracterizar o nazifascismo, mas poderiam ser aplicadas facilmente para a política que vigora no Brasil em pleno ano de 2020. Coincidência? Creio que não. Ao invés de carros voadores o futuro nos levou de volta ao passado em um ciclo histórico que remete aos tempos de ditadura e integralismo.

O nazifascismo marcou a história mundial da pior forma possível da década de 20 até o desfecho da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) com o maior saldo negativo em questões de perda de vidas e atrocidades com mais de 60 milhões de pessoas mortas e tantos outros milhões amputados, feridos fisicamente e psicologicamente. Quem é o vencedor em uma guerra? O fardado também é explorado, violência só gera violência. Diante dos impactos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e da grave crise capitalista de 1929 por meio da quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, o efeito dominó em meio à fome e desemprego em larga escala gerou o desespero e procura por falsos salvadores da pátria de extrema-direita. 

roberto alvim

Em tempos difíceis a fé se abala e o medo contagia as pessoas, regendo as atitudes para soluções rápidas e fáceis para sanar as frustrações que se acumulam. O que começa como desespero se transforma em um erro querendo simplificar algo complexo, aceitando argumentos vazios e sem embasamento para achar um alvo que será o culpado por todos os males que assolam tanto a vida pessoal do indivíduo quanto da sociedade. Repentinamente o medo vira ódio e a inteligência emocional se perde em meio a um excesso de racionalidade ilusiva, uma irracionalidade racista. Inversão de valores, democracia em vertigem.

Nazistas e fascistas não passarão! Usar a suástica, defender ideias fascistas, desenhar símbolos integralistas, fazer discursos totalitários, idolatrar Hitler e Mussolini é crime: crime contra a humanidade, crime contra o próximo, crime contra a história, crime contra a fé. O discurso do ex-secretário da cultura do atual governo é só a ponta do iceberg. Roberto Alvim (o Goebbels de Bolsonaro) fez vitimismo do próprio fracasso e sua incompetência o levou à submissão explícita de ideias nazifascistas. Não é o único, pois tem muita gente saindo do armário totalitário brasileiro.

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É, parece que o século XX não terminou, ao menos para o governo reacionário que frequentemente invoca um passado nostálgico de ódio e violência. Exílio, prisão ou morte? Quando a solução está na base da arma é sinal de que a sociedade está doente. Julga, condena, exerce o preconceito antes mesmo das devidas investigações e apurações (e ainda se diz cristão). Um clã que reina no Brasil, eleitos para servidão de um sistema-mundo sem atentar para o progresso social e para o bem do próprio povo. Abertura escancarada para o estrangeiro e fechamento de portas e oportunidades para o cidadão trabalhador brasileiro. Quando números valem mais do que vidas. Receita contraditória para o fracasso. 

Retorno de epidemias que há décadas haviam sido erradicas no país. São as fakes news nas redes sociais, a manipulação de notícias, as distorções dos fatos, o autoritarismo baseado na bala, o discurso demagogo religioso para enganar o rebanho, o descrédito de quem pensa diferente, a fuga de debates, o tom elevado à base do grito para se fazer ouvir. Saudações a um passado de torturas, perseguições e medo, buscando um inimigo (que no caso tupiniquim é a esquerda assim como fora os judeus para os nazistas). É a narrativa de quem crê ser dono da verdade que ecoa na intolerância nacional. Sempre certos de suas certezas, sem provas, sem questionamentos, sem dados. Uma verdade absoluta cujas vozes dissonantes devem ser abafadas, assim como nos tempos do nazifascismo. Uma mentira propagada mil vezes até que se torne verdade.


Tal questão não é uma exclusividade brasileira, tendo-se em vista o aumento da xenofobia, do discurso de ódio e da ascensão de partidos da extrema-direita em outras partes do mundo, sobretudo na Europa. Motivados pela repulsa aos fluxos migratórios oriundos das antigas colônias cujo imperialismo eurocêntrico ajudou a esgotar os recursos, empobrecer a população e ampliar as desigualdades sociais. O processo nacionalista-protecionista nazifascista está em jogo, está se propagando e é dever de todo o cidadão se opor a ele. Nós não temos medo, não temos discurso de ódio e não temos sangue nas mãos!

O discurso de Roberto Alvim (Roberto Rego Pinheiro - nome verdadeiro) não foi um acaso, não foi sem querer, não foi teoria oculta de conspiração, não foi coincidência. Pelo contrário: foi algo previamente planejado, endossado, aprovado, elogiado pelo presidente Jair Bolsonaro e pela cúpula da secretaria da cultura. Cada detalhe na filmagem, no cenário e na fala foi estrategicamente idealizado. Está na hora dos vermes tirarem as máscaras nazifascistas, pararem de desculpas, pararem de vitimismo, pararem de terceirizar a culpa e assumirem os próprios erros de um governo que em mais de um ano só demonstra retrocessos, reduzindo investimentos em saúde e educação, retirando direitos dos trabalhadores e aumentado a desigualdade nacional. Novamente: nazistas e fascistas não passarão!

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Reflexão sobre as veias abertas da América Latina

Um espectro ronda a América Latina - o espectro do medo do comunismo. O fantasma neoliberal se espalha e domina o solo fértil e sagrado da grande ilha mundial. A Nova Índia sem os seus habitantes naturais. Colônia eternamente colonizada, ainda trocando riquezas por espelhos com tela de LED e smartphones que alienam. Isolados e explorados em seu próprio território, reféns da hegemonia de um distante primo do Norte. O imperialismo finca raízes sobre a cultura dos outros povos mascarando identidades por um padrão normatizado globalmente aceito por seu orgulho de vestimentas do opressor.

Qual o motivo de tanta falta de indignação? Por que se envergonhar por não ser igual? O diferente não é mais aceito no processo de submissão proliferado pelo sistema. As amarras continuam nos pampas, no pantanal, nas florestas e no caribe. Nosso Norte é o Sul, continente invertido! Banhado pelos oceanos Atlântico (mas aonde se encontra a verdadeira Atlantis, o reino perdido?) e Pacífico (aonde está a paz?).

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Em seus rios há fluxo de lágrimas e sangue em uma triste intersecção entre passado, presente e futuro. Suas constelações já não são as mesmas, pois estão encobertas pela poluição das fábricas. Seu espaço não lhe pertence mais, está sempre em disputa pelo interesse alheio de nações distantes. O inimigo mora ao lado? Em suas veias correm rios de sangue indígenas, latinos, africanos...sempre periféricos à ordem mundial. Veias abertas, expostas, explícitas. Afinal, quem faz parte desse jogo sujo?

Um aspecto destruidor ronda as fronteiras dos povos da América Latina - é o aspecto do capitalismo em sua feição mais contemporânea. É o espírito do neoliberalismo fantasmagórico travestido de ódio, intolerância, fanatismo e imposição. É a nova versão do velho discurso da natural divisão do trabalho: poucos nascem para comandar e muitos para servir. Não esqueça de lavar os pratos e sair. É a nova ilusão da mentira da meritocracia em uma sociedade recheada de desigualdades, injustiças e indicações. Pois que haja resistência e luta onde há força bruta. Que haja inteligência e coragem onde há covardia e privilégios.


A América Latina é muito mais do que isso, deve estar unida, de cabeça para baixos mostrando ao resto do mundo o real Norte. A América Latina deve se desenvolver a seu modo, deve se impor, deve ser solidária e independente. Sem lamber a sola do sapato de presidentes estrangeiros, sem abaixar a cabeça para as ordens vindas do exterior. A América Latina é verde, amarela, azul e vermelha. É branca, preta e mestiça. É misturante e misturada. Local de união e amizade ao invés de um cenário de disputas mesquinhas por uma suposta área de influência regional. Ou vamos todos juntos rumo à integração internacional ou não vai ninguém.

É hora de se rebelar sim, hora de se revoltar com a miséria, com a xenofobia, com a violência e com a corrupção. É hora de se rebelar, mas de verdade, não com dancinhas e musiquinhas toscas com teor de mel por um mito inexistente. Vestir o uniforme, ocupar o espaço, sair às ruas, pois nas veias da América Latina corre sangue de gente de verdade, não de marionetes do sistema industrial, bancário e financeiro. É preciso pulsar para o coração não parar, fazer acontecer, produzir.


Um espectro ronda a América Latina - é o espectro da união revolucionária dos seus povos. É a enxada, o facão, a foice e o martelo. É o mapa de cabeça para baixo. Sem nacionalismo, sem intrigas ou populismo. Apenas a verdadeira emancipação, apenas a verdadeira independência tal qual como deveria ter ocorrido desde o princípio, séculos atrás. Vejo sua população carente, inconformada com os cortes, passos para trás, retrocesso. Também sou seu filho, também sou um deles, gente como a gente, gente como os outros. Vejo o seu povo chegando ao limite, indignado com a atual situação. Também estou aqui, também sofro as consequências.

As veias da América Latina transbordam sangue de pessoas de mãos calejadas, humanos às margens, excluídos pelo sistema. Por que não estar nu? Quem dita as regras? Quem cria as normas e os padrões? O homem refém do homem no sistema tido como o mais adequado. Pois diga a eles que não existe perfeição na Terra. Diga a eles que um soco no ar dignifica muito mais do que uma cabeça abaixada. Não estamos de joelhos. Não estamos à venda. Estamos em chamas diante das vésperas da explosão da revolução. Estamos em chamas, pois aqui corre o sangue das veias abertas da América Latina!