quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Reflexão sobre o golpe

Dois pesos iguais cujas medidas (e consequências) são diferentes. Prazer, essa é a política nacional, revogando o resultado das urnas para criar uma sistemática congressista própria. Basta voltar ao primeiro post deste blog para entender: se for para tirar uma então tem que tirar todos, fazer a regra valer sem exceções. Porém, não funcionou para o sucessor (que nesse momento deve estar rindo da população). Se improbidade administrativa dá impeachment, corrupção passiva e formação de quadrilha deveriam dar cadeia. Se ceder ao sistema econômico dá impeachment, abrir o cofre para comprar o voto de parlamentares para se manter no poder também deveria dar impeachment. Mas não.

Lembro-me das alegações dos ilustres deputados e senadores na ocasião da aceitação do pedido de impeachment da Dilma alegando falta de governabilidade, já que a então chefe do executivo possuía apenas 10% de aprovação, segundo pesquisas. Ora, segundo pesquisas, o senhor vampiro Michel Temer possui 5% de aprovação. Pois bem caro leitor, não precisa ser matemático para notar que o mesmo possui metade do índice apresentado pela gestora anterior. Vou além, de acordo com o artigo Presidencialismo de Coalizão e Governabilidade: Avaliação e Desempenho Político-Institucional dos Governos Dilma Rousseff e Michel Temer na Imposição de suas Agendas Prioritárias no Período 2011-2017, os autores Audren Azolin, Diogo Tavares de Miranda e Luiz Fernando Nunes Moraes constataram uma taxa de sucesso do poder executivo de 81,43% durante o governo Dilma 2 contra 77,43% de Temer. Como diria meu amigo engenheiro: contra dados e fatos não há argumentos.

Obviamente que em um sistema político personificado pelo presidencialismo, a figura deste torna-se a de um patriarca perante a sociedade e para formar a coalização é necessário angariar aliados. Portanto, o cerne do problema está na sistematização vigente. O fato de todos os grandes roubarem corrobora para tal análise. Reformas eleitorais pontuais que só favorecem os próprios políticos profissionais não é sinônimo de reforma política. Se o Estado é democrático de direito, então não seria necessário uma judicialização, tampouco se preocupar com a usurpação do poder. Foi golpe, é golpe e se as coisas não mudarem drasticamente até as próximas eleições corremos o risco de ter um golpe explícito por tempo indeterminado.

A problemática não restringe-se à (falta) de punição. Vai muito além, passando pela passividade da população diante de tantos escândalos de corrupção, defendendo uma bandeira que contraria as suas origens. Muitos falam não esquecer suas raízes. Será? Quais os resultados do terceiro mundo? Ruas vazias, redes sociais polarizadas e a mídia quieta. Cadê os patriotas contra a corrupção com a camisa da seleção? Enquanto isso muitos estão aí, sendo alguém que não são, desempregados e submissos. É hora de acordar não acha?

E se você ainda sente-se relevante sozinho, lembre-se que o apoio de apenas 5% foi suficiente para Temer permanecer no governo. A nós resta permanecer de pé, com a cabeça erguida e lutando. No fundo a questão não é quantitativa, basta ter o apoio da classe dominante. Para entender tal conceito é só recorrer ao estudo das elites e como elas se sentem ameaçadas na alteração do status quo. Se você não faz parte dessa elite seleta de militares, empresários e políticos profissionais, cuidado! Pense bem nas condições em que sua prole estará sujeita caso esteja pensando em ter um filho. 

É possível concluir, por meio de dados, fatos e argumentos que foi e continua sendo golpe. Para comprovar tal análise basta ler um pouco, sair do mainstream que controla a opinião pública e busca impor o seu ponto de vista sobre as massas. Melhor falar sobre a transferência do Neymar não é mesmo?! Se bem que nem o futebol nacional está livre de corrupção. E antes de terminar vale lembrar: existem ditaduras no mundo com viés capitalista e apoio das mesmas elites que governam aqui. O trauma anarquista/socialista que faz parte do imaginário brasileiro deve-se ao alinhamento do país ao longo dos anos. Importamos esse medo com o intuito de relações econômicas favoráveis. A história é clara: quem apoiou o fim da monarquia, a ditadura Vargas e o golpe militar? Os mesmos que aí estão, ainda oligarquizando o poder em seu seleto grupinho. Lembre-se: a ditadura não restringe-se a um país tirano rotulado de esquerda, basta olhar para as ditaduras contemporâneas do Oriente Médio e da África. Não importa quantos morram, desde que no final toque o hino nacional das elites. 

Só para reiterar: é golpe, basta abrir os olhos, é golpe! Deixo aqui o meu recado: FORA TEMER!






4 comentários:

  1. Tudo que foi dito aqui é fato consumado!!!
    Não conheço palavra que expresse, tamanha tristeza diante de tais fatos.

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  2. Esta é a real situação de nosso sistema.

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  3. Esta é a real situação de nosso sistema.

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  4. Esta é a real situação de nosso sistema.

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