Pobre Brasil. É impossível pensar sobre a prática política e não sentir um amargor na garganta. No centro da disputa está o poder em todas as instâncias nacionais, tentando ganhar na imposição e no grito. Após a rejeição da denúncia feita pela PGR contra Temer é de se enojar ao constatar o nível que o governo e seus apoiadores chegam para a manutenção do trono. Com um discurso meramente financeiro apaga-se questões éticas, morais e políticas. Um pensamento baseado no benefício próprio, afinal: se tenho dinheiro então tudo está bem. Assim foi com a impunidade diante do Mensalão e repete-se agora em maior intensidade na manutenção de um bandido como presidente e outros tantos como prefeitos, vereadores, deputados e senadores.
Pobre Brasil, onde cada vez o ter significa mais do que o ser. Onde aceita-se conviver com vários corruptos na política pautando-se pela argumentação econômica. Afastou-se o primeiro presidente eleito pelo povo após a redemocratização pela posse ilegal de um veículo Elba (e com razão). Arquivou-se suspeitas de corrupção contra um presidente tucano porque passou-se muito tempo (e a prescrição está prevista em lei). Julgam um ex-presidente por denúncias de aquisição ilegal de um sítio e um apartamento (e com razão). Afastou-se a primeira presidente eleita por improbidade administrativa; afinal, ela deveria gerir os atos criminosos de seus subordinador por ser o cargo máximo do executivo (e com razão). Mas o que fazem com os outros? Se antes havia desvio de milhões agora são bilhões só para Temer salvar a própria pele, fora o que foi encontrado com seus comparsas. Mas a economia está bem, obrigado. You know you´re right.
Fonte: http://politica.estadao.com.br/blogs/coluna-do-estadao/governo-reabre-cofre-para-barrar-denuncia-contra-temer/
Um senador mineiro que fala em matar, fala sobre drogas sem ser punido, envolvido desde escândalos de favorecimento indevido até na construção de um aeroporto particular com verbas públicas. Um presidente de um país que se encontra na calada da noite com empresários para tratar de ilícitos, ciente e beneficiário direto de atos corruptos. Uma quadrilha denominada PMDB da Câmara que possuía mais de 50 milhões em apenas um apartamento, fazendo um Elba ou mesmo um sítio parecerem meros coadjuvantes na recente história brasileira. O que foi feito? O que está sendo feito?
Pobre Brasil de ruas vazias devido ao esgotamento do seu povo. Sem os caras amarelas de 94 ou mesmo os movimentos sociais de 2015. Onde está a emissora que parava sua programação em rede aberta aos domingos para mostrar as manifestações contra o então governo, deixando clara a sua posição (de oposição). Agora o que se escuta é o silêncio ao invés dos panelaços e a aceitação em ser governado por ladrões. A desculpa é que não temos opções. Dura aceitação, pobre Brasil. You know you´re right.
Ou então como chamar a compra de votos de parlamentares por cargos, decretos, liberação de verbas superando (e muito) a casa dos bilhões (sim leitor, você leu certo: bilhões)? Como chamar um sujeito que possui contra si denúncias e provas fundamentadas de organização criminosa e obstrução de justiça, desviando verba pública para o bolso de deputados? Como nomear a volta da escravidão e a perda de direitos? Se não é golpe caro leitor, então como chamar um presidente com 3% de aprovação que faz de tudo pelo simples fato de não cair?
Pobre Brasil, acreditando que uma mera reforma política resolverá todos os males. O problema vai além do sistema majoritário, proporcional, cláusula de barreiras, mecanismos de orçamento de campanha, sistema eleitoral ou partidário. O cerne da questão é o sistema. Muito fala-se sobre instituições, mas não pode-se esquecer que instituições são feitas de pessoas. Muitos políticos morreram e a corrupção permanece intacta, sinal de que há algo muito mais grave sendo passado de geração em geração. Obviamente que a culpa recai, em partes, na própria sociedade, pois se os corruptos estão lá é porque votamos neles. Mas como dito em posts passados, a representatividade é uma ilusão onde o povo escolhe a elite que irá dominá-lo, como diria Joseph Schumpeter. O problema não é a política, mas o modo pelo qual esta é dominada. É possível falar em determinismo capitalista, permitindo a depravação das pessoas pelo sistema, transformando-se em um ciclo interminável.
Fonte: https://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/10/o-silencio-de-aecio-neves-diante-da-prisao-de-eduardo-cunha.html
Pobre Brasil, refém da falta de saúde, da criminalidade e da carência de ensino. Batendo palma para a reforma trabalhista, da previdência, corte de recursos para a ciência, congelamento de gastos, flexibilização da legislação ambiental. Há algo de errado, nós estamos errados. Certo estão eles, lucrando cada vez mais sobre nós. Viva a dominação capitalista e sua máquina de propaganda, consumindo todos os recursos, até os que não tem. Toda essa aceitação e submissão me faz pensar: devo estar em uma outra realidade. A clivagem social nunca esteve tão em alta e mesmo assim fecham os olhos para os fatos, acusando de mera ideologia reacionária marxista. You know you´re right.
Pobre Brasil com seu hino sem voz, ecoando militarismo nos corações desesperados. Pobre Brasil cuja bandeira está desbotada, imerso de perversidade e submissão em verde e amarelo. Pobre São Paulo, com um prefeito turista tratando os cidadãos com ração, dizendo não ser político, mas com sua equipe de marketing visando a cadeira presidencial. Pobre São Paulo, como diria a banda IRA! Acreditando em Coelho da Páscoa e Papai Noel. Mas alguém vai dizer: "Cuidado! Ele veste vermelho". Realmente a ignorância é o caminho para a felicidade. Pois se é assim então traga mais cerveja e pizza, vamos assistir novela e futebol. A alienação tal como está.
Pobre brasileiro que não sabe mais a quem recorrer e dessa vez o "São Google" não poderá nos ajudar. É preciso pensar e agir por conta própria. A confusão é tanta que fake news dominam as redes sociais e o whatsapp, sendo repassados sem qualquer tipo de critério. Claro, a culpa são desses socialistas (que por sinal nunca ocuparam o poder). Sim, a culpa é dessas bandeiras vermelhas e negras, mesmo em um país que nunca possuiu um governo verdadeiramente de esquerda. Historicamente o Brasil esteve nas mão de elites como militares, empresários, barões, coronéis, senhores feudais mesmo sem possuir um regime absolutista se preferir. O nepotismo político restrito a poucas famílias. Mas mesmo assim a culpa é do trabalhador. E nesse jogo de apontar o dedo o importante mesmo é satisfazer as próprias necessidade, pois o sistema capitalista é assim: primeiro eu, depois eu e por último eu. Doce fetichismo do sonho de vida americano.
Fonte: https://www.businesslive.co.za/bd/world/americas/2017-10-03-corrupt-brazilian-legislators-resilience-may-soon-run-out/
Pobre Brasil, estão falando de você, rindo pelas costas, sussurrando nos ouvidos alheios. Estão roubando você na cara dura, alegando independência dos poderes e foro privilegiado. Pobre Brasil, os poucos que governam não o representam. Uma classe política fechada em si, unida para combater as denúncias e manter o poder. Todo dia é um tapa na cara, um soco no estômago. Pobre Brasil, agora estão tirando os seus direitos e você sem fazer nada. A pacificidade acaba quando a humanidade é escravizada, mesmo sem correntes. E agora eles querem o seu voto. You know you´re right.
Há algo de errado que precisa ser corrigido. Não adianta paralisar um terminal de ônibus que só é utilizado por trabalhadores ou fechar uma via pública em horário de pico. A ação está em ir atrás dos ratos corruptos em seus postos de trabalhos. Fechar prefeituras, invadir o Congresso, cobrar satisfação em seu local de trabalho. A pressão deve ser sentida, pois tais profissionais que usurparam a política nacional não usam transporte público com seus ternos e malas de dinheiro. A ação está em punir as empresas dos corruptores. A tecnologia é sem dúvida um avanço, mas é difícil aguentar essa briguinha sem conteúdo nas redes sociais entre "esquerda e direita". A vida não é feita de likes, mas sim de batalhas. Um leão por dia.
Vamos à luta!