Com a redemocratização brasileira no final da década de 80 e, posteriormente, com a abertura da economia nacional, é natural que haja um jogo de interesses entre os setores públicos e privados a fim de que suas intenções sejam atendidas. O próprio voto dos cidadãos se dá por meio de interesses pessoais, por vezes em detrimento do social. Assim é no sistema capitalista globalizado vigente. Desse modo, as empresas e instituições, independente do segmento, buscam ser ouvidas dentro da suposta democracia representativa brasileira. Se a população quer a construção contínua e fortalecimento da democracia então este é um tema relevante para a sociedade.
As relações governamentais (entre representantes e representados) são fundamentais na construção de leis, sistemas regulatórios e paradigmas na intersecção entre público e privado. Tal parceria pode ser positiva e deve fazer parte das agendas governamentais, sendo utilizadas para a construção de plataformas e políticas públicas. Afinal, ouvir os eleitores e instituições presentes na sociedade é fator fundamental que deveria ser obrigatório para aqueles que atuam na poliarquia atual. Infelizmente o cenário ainda é de oportunistas e demagogos que falam muito mais do que escutam os anseios dos cidadãos, indo contra os princípios de ser da própria política. Vale ressaltar que não basta apenas prometer, é preciso interpretar os contextos e agir com base em fatos, dentro das limitações orçamentárias e do cargo que ocupa.
Fonte: http://emkt.irelgov.com.br/2014/ed02/ed02.html
A abrangência dos temas é grande, indo do direito à economia, mas há uma convergência das áreas para a política. Dessa forma, há uma tendência de ascensão da demanda pelo mercado de trabalho por profissionais qualificados que atuem nas relações governamentais. É aí que entra a importância do cientista político, que possui um perfil amplo que abarca as demais áreas específicas, possuindo um alto teor técnico-científico na elaboração de pesquisas, diagnósticos e propostas.
Segundo matéria publicada na data de hoje pelo site MSN/notícias, a regulamentação do lobby voltou à discussão no país, depois de diversas idas e vindas há pelo menos dez anos. Apesar da conotação negativa que o termo adquiriu graças às práticas ilícitas de empresários e políticos, tal acontecimento é um marco importante para a regulamentação da atividade lobista que já existe às escuras, trazendo à luz os agentes que buscam influenciar as tomadas de decisões políticas, dentro da legalidade e ética profissional. O próprio fato de não ser uma atividade regulamentada no Brasil faz com que tais profissionais não tenham legitimidade perante a sociedade, fato oposto ao vivido em democracias mais sólidas, inclusive nos EUA (país este que muitos brasileiros idolatram).
Conforme demonstrado pela matéria do “RelGov em foco”, devido à amplitude das relações governamentais, tal cenário reflete-se também na diversidade de profissionais oriundos de áreas diferentes e que integram a mesma. Pode-se observar uma predominância do direito e da ciência política sobre os demais ramos de formação. A liderança do direito é lógica, tendo-se em vista a tradição acadêmica de longa data no país em detrimento da ciência política que, em uma perspectiva histórica, é um ramo novo no cenário nacional, conseguindo sua institucionalização e autonomização há poucas décadas. Mesmo assim, esse ramo integra mais o escopo de um cientista político do que de um advogado.
Há uma tendência na expansão de vagas de relações governamentais e consequentemente um aumento no número de cientistas políticos atuantes nesta área. Como embasamento para tal argumentação é possível citar os dados do artigo “O MERCADO DE TRABALHO DO POLITÓLOGO NA PERSPECTIVA DOS CURSOS DE BACHARELADO EM CIÊNCIA POLÍTICA NO BRASIL”, onde é possível notar que o foco das próprias faculdades de formação em ciência política focam cada vez mais para o mercado de trabalho ao invés de uma formação puramente acadêmica.
Fonte: http://www.fieb.org.br/fieb/Pagina/2921/Relacoes-Governamentais.aspx
Referente à remuneração, pode-se dizer que a área é atraente e que por isso mesmo chama a atenção de profissionais de diferentes áreas. Com salários que chegam facilmente no patamar entre R$2.500,00 à R$10.000,00, é possível observar uma hierarquização dos cargos conforme formação e experiência: estagiários, assistentes, analistas, coordenadores, gerentes, diretores e presidência, seguindo claramente a lógica da administração gerencial presentes em empresas privadas e o modelo gerencial proposto na administração pública. A regulamentação de tal atividade pode acarretar em um aumento de contratação de especialistas para atuarem no ramo, seguindo a tendência de crescimento de demanda já existente.
O cientista político, particularmente, pode atuar em todos os estágios das relações governamentais, desde monitoramento, passando pela identificação de atores importantes no processo, atuando na elaboração de relatórios técnicos, agindo diretamente nas escolhas que favoreçam a instituição que o contratou - podendo ser sindicatos, indústria, comércio, ONGs, etc. Vale destacar que dentro dos limites constitucionais, deve haver uma convergência entre os interesses públicos e privados. Um exemplo de ações desse tipo dentro da administração pública são as PPPs (Parcerias Público-Privado).
Há uma preocupação crescente na seleção de profissionais qualificados que atendam às demandas do mercado ao mesmo tempo que estejam atentos às questões sociais. Os casos de corrupção que vieram à tona sobretudo por meio da operação Lava Jato contribuem com essa linha de raciocínio, onde empresários e políticos foram condenados e presos. Outra preocupação presente é mancha do termo lobby nas relações entre empresários e políticos. A mudança de conceito da opinião pública para com esses profissionais é uma missão para todos aqueles que fazem parte do diálogo, seja pelo lado político, social ou empresarial. A tendência para a contínua expansão da área é a busca por profissionais que atuem não só pelo conhecimento, mas também de forma ética e dentro das leis.
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