A institucionalização da Ciência Política tal como a conhecemos surge como um esforço dos Estados Unidos da América para educar politicamente os seus cidadãos, promovendo o apreço pela democracia. Para conceber uma autonomia politológica para a disciplina foi necessário um afastamento das ciências humanas, sobretudo da Sociologia.
A Ciência Política passou a utilizar métodos estatísticos e matemáticos para analisar a política e suas respectivas tendências, sem abrir mão da intersecção com outras áreas do conhecimento como economia, direito e, posteriormente, psicologia. Também delimitou-se o objeto de estudo cabendo à Ciência Política estudar o Estado, as relações de poder e as instituições. Desse modo, passou-se a valorizar métodos quantitativas como as pesquisas eleitorais. Tal característica exclusiva fez da Ciência Política um campo autônomo, afastando-a da subjetividade que atinge as abordagens humanísticas.
A Ciência Política passou a utilizar métodos estatísticos e matemáticos para analisar a política e suas respectivas tendências, sem abrir mão da intersecção com outras áreas do conhecimento como economia, direito e, posteriormente, psicologia. Também delimitou-se o objeto de estudo cabendo à Ciência Política estudar o Estado, as relações de poder e as instituições. Desse modo, passou-se a valorizar métodos quantitativas como as pesquisas eleitorais. Tal característica exclusiva fez da Ciência Política um campo autônomo, afastando-a da subjetividade que atinge as abordagens humanísticas.
Para entender a gênese por trás da institucionalização é preciso contextualizar o período histórico em que as peças se encaixaram. Pode-se começar pelo predomínio da sociologia sobre as ciências sociais brasileira, influenciada fortemente pela sociologia francesa. O polo de tal vertente estava na sociologia paulista, por meio da Escola Livre de Sociologia e Política (1933) e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (1934). A figura principal desta época que retratava tal pensamento era Florestan Fernandes.
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Entretanto, haviam estudantes com um outro modo de enxergar o mundo que divergiam do pensamento predominante da época. É possível destacar os alunos da Faculdade de Administração e Ciências Econômicas de Minas Gerais (1941) que, diferentemente das demais faculdades, possuíam uma grade diversificada. Especificamente no FACE havia o ensino de ciências aplicadas (economia, direito e administração) cujo foco era formar uma elite mineira pensante capaz de tirar Minas Gerais da estagnação político-econômica em que se encontrava na época. Desse modo, a faculdade mineira inovava no ensino para formar futuros cidadãos influentes na gestão pública local ao implantar em 1953 o curso de Sociologia e Política.
Na década de 60 havia uma tensão internacional, onde a Guerra Fria ganhou novos contornos com a Guerra das Coreias, Revolução Cubana e, consequentemente, a Crise dos Mísseis, esta última influenciada pela tentativa fracassada de intervenção estadunidense em território cubano pela Baia dos Porcos após a revolução. A eminência de uma guerra nuclear entre as duas maiores potências da época levou o mundo a viver sob a influência dos principais atores políticos do período, seja dos EUA, seja da URSS.
Diante de tal conflito os Estados Unidos buscou ampliar a sua área de influência na “vizinhança”, sobretudo após a perda de Cuba para a influência soviética. Desse modo, patrocinaram governos que se postavam contra a “ameaça comunista”, independente dos métodos. Neste caso em específico trago os ensinamento de Maquiavel, onde os meios (geralmente prisões unilaterais, torturas e até mortes) justificavam os fins (combate e extinção da ameaça comunista do continente americano).
Fonte: https://plushistoria.blogspot.com.br/2016/07/resumao-guerrafria.html
Assim foi com o apoio à ditadura brasileira que se iniciou em 1964. Esse apoio não restringiu-se às áreas militares, mas também ao campo acadêmico. A Ciência Política passou a ser um meio de cultivar o pensamento político estadunidense, exportando-o para além das fronteiras para os países vizinhos. Desse modo, a Ciência Política traria a visão de mundo dos EUA para o Brasil, sobretudo seu apreço à democracia e ao liberalismo. É aqui que os acontecimentos separados se unem: o apoio deu-se sobretudo devido ao patrocínio da Fundação Ford que bancou a ida dos estudantes do FACE para a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) no Chile e, posteriormente, distribuiu bolsas para esses alunos se especializarem em Ciência Política nos Estados Unidos.
A Fundação Ford formou os estudantes mineiros na doutrina da Ciência Política estadunidense, transformando discentes em docentes, prontos para lecionar e difundir o seu conhecimento politológico no Brasil. Os dois principais centros no país foram a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1967 e o Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (IUPERJ) em 1969. Com isso a Ciência Política conseguiu a tão almejada autonomia e se institucionalizou de vez no país. Posteriormente a Ciência Política alcançou a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), espalhando-se país afora, o que contribuiu (e ainda contribui) para o processo de estabilização e profissionalização.
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