sábado, 9 de março de 2019

Reflexão sobre o laranjal brasilis

Que o Brasil é um dos maiores produtores de laranja do mundo já não é uma novidade. A questão agora é que o laranjal nacional ultrapassa as fronteiras geográficas das plantações obtendo foco em seu deslocamento do campo para os centros políticos espalhados país adentro. Práticas como esta, em destaque nos meios de comunicação, são antigas e constam desde os tempos do Império. Entretanto, o diferencial no momento são os diversos casos explicitados na atual gestão do executivo federal em um curto espaço de tempo. Lá se vai a suposta moralidade da campanha.

Mais um estelionato eleitoral é deflagrado no Brasil. O partido que afirmava ser o oposto das práticas vigentes acaba por ser desmascarado semana após semana com escândalos envolvendo os seus membros; por vezes, peças fundamentais dentro da composição do tabuleiro governamental. A realidade e os fatos aos poucos vão se impondo ao que era antes a ilusão da salvação da pátria, sobretudo no que concerne aos costumes e práticas políticas. Ninguém sabe de nada. Um verdadeiro laranjal, sem vilões ou heróis. Falaram que não iriam fazer igual, mas estão fazendo pior. 

Fonte: http://www.politicadistrital.com.br/2019/02/17/cronica-da-politica-o-laranjal-do-planalto/

O termo "laranja" costuma indicar alguém que supostamente assume uma função apenas no papel, pois na prática nota-se o contrário. Especificamente na política, um candidato laranja é alguém de fachada, um candidato falso que entra na eleição só por entrar, sem chances de disputar cargo. É utilizado apenas para tirar proveito da situação. Tal candidato não entra no pleito eleitoral para competir, mas sim para ser utilizado de acordo com os interesses de terceiros. Funcionários fantasmas, laranjal brasilis...quem se lembra da Wal durante o período eleitoral? E do caso Queiroz?

Geralmente, os partidos usam tais candidaturas para desfrutarem da verba destinada aos candidatos laranjas. Um exemplo são alguns casos de candidaturas femininas que tiveram que devolver para os diretórios partidários boa parte do valor obtido para a campanha. Sem recursos, as candidatas servem apenas para compor o quadro e atender a lei das cotas introduzida em 1998. Com tantas frutas em voga dá para fazer várias jarras de suco.

Recentemente, essa constatação pode ser feita por meio das denúncias que caem sobre o PSL, partido do atual presidente Jair Bolsonaro. Casos como o de Gustavo Bebianno (ex-presidente da sigla) e do atual Ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio estão em destaque. O Partido Social Liberal enfrenta fortes acusações em Minas e no Nordeste. Obviamente que não se trata de uma novidade, muito menos de uma exclusividade. Muitos dos partidos que agora apontam o dedo também possuem e/ou possuíram casos semelhantes. 

Fonte: https://altamiroborges.blogspot.com/2019/02/cresce-o-laranjal-dos-bolsonaro.html

O fato é que em pouco mais de 60 dias de governo, os próprios membros que compõem a gestão dão caneladas em si mesmos. São pequenas crises internas que se sucedem e instabilizam a governabilidade. Tanto se fala em costumes, ideologias e tradições, mas de fato nada tem sido feito de modo eficaz que contribua com o desenvolvimento do país nos respectivos campos periodicamente citados. São gastos excessivos nos cartões corporativos da Presidência da República, a celebração da morte de uma criança de 7 anos e tantas outras atitudes em tão pouco tempo que contrariam a própria conduta defendida no período eleitoral. 

O laranjal brasilis demonstra-se frutífero nos diretórios partidários, câmaras e assembleias espalhados pelo Brasil, sobretudo no fértil solo de Brasília. Enquanto isso o desemprego, a informalidade e a violência aumentam. O cidadão brasileiro espera postura digna de seus representantes e não uma criança mimada que está mais presente nas redes sociais do que no cotidiano da população. O país necessita de um corpo político sério e competente. Menos demagogia, menos promessas, menos ameaças e mais ação em prol do coletivo e do bem público.

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