Foi dada a largada
Enfileirados na promoção
Esperando a abertura do portão
Rastejando na lama
Com a camisa da seleção
Marchando em direção à liquidação
Ocupando as ruas contra a corrupção
Mas elegendo um laranjal sem fim
Despotismo e nepotismo lado-a-lado
Quem vai pagar o pato com a terceirização?
Mais uma realidade dessa louca contradição
Panelas silenciadas que não entram mais em ação
Imperdível!
Beijando os pés do patrão
O medo é mais forte do que a razão
Marchem para a nova plástica
Rumo à perfeição inatingível
Precarização das condições de trabalho
Parasitas do sistema
Defendendo o retorno da ditadura
Idolatrando torturadores e assassinos
Depois se diz cristão
Pare de usar a religião
O velho discurso demagogo
Repleto de segundas intenções
Mais uma enganação pública
A população está cansada de pagar a conta
Marchem porcos!
Uma nova taxa para o seguro-desemprego
Sugando e sendo sugados
O lucro bancário só aumenta
A terra há de consumir os vestígios
Não existe crime perfeito
Apenas milicianos conhecidos
Vendendo o corpo pelo novo conforto
Coleira apertada
Presentes sem necessidade
Acúmulo de bens materiais
Tudo se vende, tudo se troca, tudo se aluga
Comprando animais ao invés de adotar
Esconda seus desejos sórdidos
Um novo Coringa a cada esquina
Um novo bebê a cada dia
O sistema não para, não pode parar nunca
Céu cinza do desmatamento e da poluição
Nada mais normal do que o contágio pelo superávit
O capital não pode estagnar
Deflação é crise, o choro é livre
Funcionário do mês sem casa para morar
Alternância das elites para manter o status quo
Assento VIP na primeira fileira
Minoria que domina
Casa na praia, iates, a classe média faz a sua parte
Nada como se sentir bem com a desgraça alheia
Marchem porcos imundos!
Os joelhos já não aguentam andar pela loja
Terapia das compras, vida de madame
Deixe a sujeira para as domésticas e operários
Submissão assalariada pela sobrevivência
Veja no Ibope o que dá mais audiência
Peregrinação a paraísos fiscais
A via-sacra do capital foi anunciada na televisão
Propagandas e produtos dos patrocinadores
Melancolia, tristeza e depressão
A intolerância sendo tolerada
Não me peça para aceitar
Depois não venha reclamar
Devolução em apenas três dias úteis
É preciso estar conectado
Um teatro de ostentação
Nova foto de perfil
Rede social da ilusão
Lutando contra fantasmas
A ganância fala mais alto
Justiça cega pelo poder
E assim se acumulam golpes no chiqueiro
Sob símbolos nacionalistas de exclusão
Até chegar à exaustão
Julgam vítimas e matam inocentes
O mundo do business é o modelo de negociação
Mercantilização dos raios solares
Monitoramento 24h
Tudo para a sua segurança
A vigilância sem privacidade
Quem se importa?
Sem tempo para participar
A morte espera
Marchem!
Descartando o próximo como se fosse lixo
É possível sentir o seu cheiro podre embrulhado para presente
É possível ver o seu desespero conservador
Querendo controlar um mundo que não lhe pertence
A hipocrisia é a alma do negócio
Agindo de acordo com a lei de mercado
Concentração de riqueza nas mãos de poucos
Qualidade de vida em detrimento da escravidão alheia
Vidas desperdiçadas na fauna e na flora
Nada disso importa segundo a lógica do dinheiro
É preciso satisfazer o prazer nas horas vagas
Afinal, a bolsa de valores bateu mais um recorde
Quais valores?
Um novo corte nos pulsos
A padronização dos estigmas em meio ao processo de globalização
Matando para vender
Queimando para lucrar
Marchem seus porcos imundos!
Dançando a ópera do dilúvio
O apocalipse nunca esteve tão próximo
O inferno estará repleto de mansões e carros de luxo
A satisfação nunca é atingida pelo consumo
Você precisa de mais, mais, mais
Você viu o novo comercial?
Falso messias no assento presidencial
Rasteje de joelhos na lama
Assuma a sujeira que está fazendo
Sangue nas mãos e ódio no coração
Salve a própria enganação
Cuspindo no prato que comeu
Vômito voluntário de desprezo
Eles estão desesperados
Eles estão sem controle
Marchem seus porcos!
O natal está chegando
A mesa da ceia deve estar farta, obesa
Consumindo a própria carne
Atirando pedras na imagem que surge no espelho
Um novo produto na vitrine
Uma nova corrida pela sobrevivência
Carro novo na garagem
Fotos em Orlando e Paris
Passaporte cheio, alma vazia
Amizades de interesse em busca de holofotes
Fingindo não ver a revoltar popular
Fingindo não ver as barreiras humanas
Siga o fluxo migratório
Uma nova guerra pela hegemonia mundial
Pois é necessário que alguém perca para outro ganhar
Celular última geração com peças roubadas
Células artificiais de uma engrenagem enferrujada
Camisa de marca falsificada
Trabalho infantil e escravo nas fábricas
Realidade invisível do terceiro mundo
Marchem porcos, marchem!
Sigam a fila para o precipício
O chiqueiro está cheio, assim como o hospício
Um sorriso antes da desilusão
É tudo briga por posição
Dê espaço aos ratos e baratas dos esgotos
Hasteie a própria bandeira
Um demônio dentro do cidadão de bem
Imagine todos armados até os dentes
Eu sou a cárie sem cura
Feridas deixam marcas difíceis de cicatrizar
Olhe só para os últimos 500 anos
Esquecendo da própria identidade
Compre seu lugar no céu
Viagem de primeira classe
Todos iguais
Feitos de ossos, não de metais
Todos iguais
Do começo ao final
Marchem!
Marchem porcos consumistas!
Nas trincheiras esquecidas
Nas fileiras dos soldados de shopping
Subindo as escadas rolantes
O capitão continua atrás da mesa
Fugindo de debates, fomentando a polarização
O discurso de ódio também tem um alto custo
Datas promocionais e feriados festivos
A praia já está cheia e o trânsito também
Sem espaço, sem tempo irmão
Qual o significado disso tudo mesmo?
Prazer individual e imediatista
Coloque grades em seu feudo para fugir da violência
Está um caos lá fora
Arame farpado, telas, construa o seu império de fantasias
Cerque sua propriedade privada
A especulação imobiliária não irá permitir sua procriação
Vamos celebrar a inveja e a nova inquisição
Inversão de valores onde tudo tem precificação
Neoliberalismo das crises e dos retrocessos
Marchem porcos!
Engravatados, sujando os ternos
O sapato que não cabe mais
Vista o uniforme desbotado do preconceito
Seu ego insaciável e faminto
O fuzil continua a disparar
Vamos seus porcos imundos!
Uma última tragada, um último suspiro
O copo está meio cheio ou meio vazio?
Marchem com suas etiquetas de grife
Antes que o estoque acabe
Demanda e oferta, quem dá mais?
O enterro é o desfecho em comum
Sete palmos abaixo da terra
Isso não precisa fazer sentido
No final das contas pouco importa
Débito ou crédito?
Rumo ao abismo da desigualdade que os espera.