Nacionalismo contínuo e exacerbado, desdém pelos direitos humanos, supremacia militar, machismo, mídia de massa parcial, mistura de governo e religião no comando do Estado-nação, ataque aos direitos humanos, perda de direitos trabalhistas, proteção das grandes corporações, desprezo pelas artes e pelos intelectuais, obsessão sobre crime e penas. Definições aceitas para caracterizar o nazifascismo, mas poderiam ser aplicadas facilmente para a política que vigora no Brasil em pleno ano de 2020. Coincidência? Creio que não. Ao invés de carros voadores o futuro nos levou de volta ao passado em um ciclo histórico que remete aos tempos de ditadura e integralismo.
O nazifascismo marcou a história mundial da pior forma possível da década de 20 até o desfecho da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) com o maior saldo negativo em questões de perda de vidas e atrocidades com mais de 60 milhões de pessoas mortas e tantos outros milhões amputados, feridos fisicamente e psicologicamente. Quem é o vencedor em uma guerra? O fardado também é explorado, violência só gera violência. Diante dos impactos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e da grave crise capitalista de 1929 por meio da quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, o efeito dominó em meio à fome e desemprego em larga escala gerou o desespero e procura por falsos salvadores da pátria de extrema-direita.
Fonte da imagem: https://ricmais.com.br/noticias/brasil/roberto-alvim-e-demitido/
Em tempos difíceis a fé se abala e o medo contagia as pessoas, regendo as atitudes para soluções rápidas e fáceis para sanar as frustrações que se acumulam. O que começa como desespero se transforma em um erro querendo simplificar algo complexo, aceitando argumentos vazios e sem embasamento para achar um alvo que será o culpado por todos os males que assolam tanto a vida pessoal do indivíduo quanto da sociedade. Repentinamente o medo vira ódio e a inteligência emocional se perde em meio a um excesso de racionalidade ilusiva, uma irracionalidade racista. Inversão de valores, democracia em vertigem.
Nazistas e fascistas não passarão! Usar a suástica, defender ideias fascistas, desenhar símbolos integralistas, fazer discursos totalitários, idolatrar Hitler e Mussolini é crime: crime contra a humanidade, crime contra o próximo, crime contra a história, crime contra a fé. O discurso do ex-secretário da cultura do atual governo é só a ponta do iceberg. Roberto Alvim (o Goebbels de Bolsonaro) fez vitimismo do próprio fracasso e sua incompetência o levou à submissão explícita de ideias nazifascistas. Não é o único, pois tem muita gente saindo do armário totalitário brasileiro.
Fonte da imagem: https://www.reddit.com/r/brasilivre/comments/ae1lzt/voc%C3%AAs_acham_que_h%C3%A1_equival%C3%AAncia_entre_o/
É, parece que o século XX não terminou, ao menos para o governo reacionário que frequentemente invoca um passado nostálgico de ódio e violência. Exílio, prisão ou morte? Quando a solução está na base da arma é sinal de que a sociedade está doente. Julga, condena, exerce o preconceito antes mesmo das devidas investigações e apurações (e ainda se diz cristão). Um clã que reina no Brasil, eleitos para servidão de um sistema-mundo sem atentar para o progresso social e para o bem do próprio povo. Abertura escancarada para o estrangeiro e fechamento de portas e oportunidades para o cidadão trabalhador brasileiro. Quando números valem mais do que vidas. Receita contraditória para o fracasso.
Retorno de epidemias que há décadas haviam sido erradicas no país. São as fakes news nas redes sociais, a manipulação de notícias, as distorções dos fatos, o autoritarismo baseado na bala, o discurso demagogo religioso para enganar o rebanho, o descrédito de quem pensa diferente, a fuga de debates, o tom elevado à base do grito para se fazer ouvir. Saudações a um passado de torturas, perseguições e medo, buscando um inimigo (que no caso tupiniquim é a esquerda assim como fora os judeus para os nazistas). É a narrativa de quem crê ser dono da verdade que ecoa na intolerância nacional. Sempre certos de suas certezas, sem provas, sem questionamentos, sem dados. Uma verdade absoluta cujas vozes dissonantes devem ser abafadas, assim como nos tempos do nazifascismo. Uma mentira propagada mil vezes até que se torne verdade.
Fonte da imagem: https://jornalggn.com.br/entenda/a-semente-do-totalitarismo/
Tal questão não é uma exclusividade brasileira, tendo-se em vista o aumento da xenofobia, do discurso de ódio e da ascensão de partidos da extrema-direita em outras partes do mundo, sobretudo na Europa. Motivados pela repulsa aos fluxos migratórios oriundos das antigas colônias cujo imperialismo eurocêntrico ajudou a esgotar os recursos, empobrecer a população e ampliar as desigualdades sociais. O processo nacionalista-protecionista nazifascista está em jogo, está se propagando e é dever de todo o cidadão se opor a ele. Nós não temos medo, não temos discurso de ódio e não temos sangue nas mãos!
O discurso de Roberto Alvim (Roberto Rego Pinheiro - nome verdadeiro) não foi um acaso, não foi sem querer, não foi teoria oculta de conspiração, não foi coincidência. Pelo contrário: foi algo previamente planejado, endossado, aprovado, elogiado pelo presidente Jair Bolsonaro e pela cúpula da secretaria da cultura. Cada detalhe na filmagem, no cenário e na fala foi estrategicamente idealizado. Está na hora dos vermes tirarem as máscaras nazifascistas, pararem de desculpas, pararem de vitimismo, pararem de terceirizar a culpa e assumirem os próprios erros de um governo que em mais de um ano só demonstra retrocessos, reduzindo investimentos em saúde e educação, retirando direitos dos trabalhadores e aumentado a desigualdade nacional. Novamente: nazistas e fascistas não passarão!