É de se espantar ao abrir o jornal e ler que as 62 pessoas mais ricas do planeta detêm a mesma quantia de 4 bilhões de pessoas. São todos seres humanos, mas não são iguais. Pertencem a mundos diferentes, diferentes realidades. É possível afirmar que não há igualdade de condições dentro da igualdade em ser humano. E a utopia da igualdade nos direitos e deveres se esfacela diante dos privilégios políticos dos novos ministros, acusados dos mesmos crimes daqueles depostos. Portanto, pode-se concluir que ser desigual é ser diferente e que ser diferente não significa ser uma vantagem na maioria dos casos (ao menos para 4 bilhões de pessoas espalhadas ao redor do globo terrestre). Não basta uma análise estatística. Pois bem, para essa reflexão vamos tentar utilizar os métodos quantitativos, qualitativos e comparativos que carregamos em nossa passagem pela vida.
Então qual é o problema em se ter desigualdade em uma sociedade cada vez mais individualista? Afinal, essas são as consequências de um capitalismo globalizado desenfreado onde o bem estar pessoal vem antes do bem estar coletivo, onde o trabalho vem antes do próprio indivíduo e da sua família. Nem os laços sanguíneos são capazes de se manter. Assim sempre fora: a perseguição às minorias que nem sempre são minorias em número (como no caso do apartheid na África do Sul). O mesmo se reflete na sociedade machista, mesmo em um planeta onde existe uma maioria feminina. Também é possível citar o mito da "superioridade europeia" diante da maioria indígena do "novo continente". Se desigualdade é não ser igual, então é sinônimo de diferença. Portanto concluo que desigualdade é separar.
Ora, mas o questionamento do início do parágrafo anterior não fora respondida. Qual o problema em ser desigual quando se defende um sistema de consumo predatório e individual? Afinal, temos a liberdade tão sonhada de outrora. Falta algo. Falta fraternidade e compreensão mútua. A igualdade reside na aceitação das diferenças. É fácil julgar, criticar, apontar o dedo. Chamar de terroristas e marginais àqueles que lutaram (e morreram) pela liberdade que existe hoje em nosso país, ainda que não seja plena. É fácil idolatrar a democracia e condenar àqueles que morreram na ditadura lutando por ela. Difícil é fazer melhor.
Ser desigual é fomentar os movimentos de extrema direita, é fomentar o fanatismo, o nacionalismo exacerbado. Não é de se estranhar que desde que o homem saiu do seu estado de natureza as guerras passaram a ser frequentes. E o pior: são tidas como motores do desenvolvimento e do progresso. Não há como ter o distanciamento sugerido pelos positivistas diante do fatos atuais. Fatos como o crescimento de adeptos ao neonazismo. Fatos como o aumento do nacionalismo, inclusive brasileiro. Fanatismo esse que atende a interesses próprios e não sociais. Algo que se assemelhe ao fascismo de Mussolini, mas com outras cores e outras bandeiras. E novamente as mulheres são expulsas do governo federal, e novamente movimentos migratórios são barrados. Refugiados de guerra são devolvidos à estaca zero enquanto a Europa assisti a fragilização daquela que seria a maior união do mundo. Os russos invadem a Crimeia e os ingleses pedem divórcio da União Europeia.
Em uma alusão a Rousseau, infeliz daquele que cercou um terreno e o chamou de seu. Infeliz daqueles que não o impediram e fizeram o mesmo. Eis a sociedade com suas bases na propriedade privada. A desigualdade faz com que tolos governem sábios em busca de reputação e poder. O poder, sempre o poder. Das cercas dos primórdios aos muros contra imigrantes. Vejo uma movimentação mundial à direita. O que dizer de Trump? Será que o Muro de Berlin foi realmente derrubado? E o culpado sempre é o vizinho do lado. Leis fundamentam a legalidade. Porém, legalidade não é sinônimo de legitimidade. Portanto, concluo nesse parágrafo que leis fundamentam a desigualdade ao serem criadas para manter o status quo daqueles que estão no topo.
Se a democracia vem do povo e para o povo, então por que não consultá-lo? E por que aceitar aquilo que fora determinado sem questionar? O certo e o errado são conceitos que variam com a evolução da mente. E para evoluir o pensamento não são necessários confrontos físicos ou guerras. Não sou a favor do comunismo e quero deixar claro isso. Mas sem igualdade não há fraternidade. Portanto concluo que sem fraternidade não há humanidade. Afinal, se o ser humano é um animal racional social e está se isolando, então não há o que comemorar. Nem o progresso das máquinas, nem o avanço da economia. O preço é aquilo que está no rótulo. Há uma inversão de valores, pois é mais importante ter do que ser. E o ser está indo contra o que o tornou ser o ser que é. Ser humano é ser igual, mesmo sendo diferente. Não que todos devam ser clones dos outros. Apenas ser com igualdades de condições para poder diferir através de suas próprias escolhas. Agir por conta de um determinismo não é agir com liberdade.
A desigualdade reside no afastamento lento e gradual e desse modo até mesmo a liberdade não possui graça.
Tudo gira ao redor daquele velho pensamento " querer é poder". O que o ser humano em sua maioria quer? R$. E o que R$ favorece? O poder. Poder comprar, mandar e dominar. Por isso a desigualdade prevalece na sociedade, porque todos querem ter o poder sobre algo ou alguém.
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ResponderExcluirMuito massa Vini :D
ResponderExcluirBem fundamentado historicamente.