sábado, 10 de dezembro de 2016

Reflexão sobre o endividamento dos estados brasileiros

Muitos dizem que o estado de anarquia seria o caos social completo, sem ao menos conhecer o real significado da palavra. Sendo assim, como classificar o momento atual do país (tendo-se em vista que vivemos em uma república democrática federativa)? No começo deste ano cansei de ouvir pessoas dizendo que o impeachment da Dilma seria o início de uma guinada política e econômica. Pois bem, já estamos em dezembro e ao que parece o buraco só aumenta. Basta olhar para o Rio de Janeiro que fica fácil constatar que o problema não se restringe a uma pessoa ou partido. Alguns cidadãos estão tão preocupados com políticas externas sem enxergar que o momento é de arrumar a bagunça que está dentro de casa.

Traficantes dominando morros "pacificados", o sistema de saúde na UTI, escolas sem professores dominadas por drogas, a polícia recebendo propina do crime enquanto políticos recebem dinheiro ilegal de empresas privadas para as campanhas dos respectivos partidos. Funcionários públicos e prestadores de serviços sem receber enquanto joias e viagens são pagos com o dinheiro público. Não é só o Rio de Janeiro que está nessa situação, mas é o exemplo que melhor personifica os danos da má administração que mente durante a campanha eleitoral, adotando políticas públicas que não condizem com os anseios da população. O cenário atual só reforça a minha convicção na extinção dos estados, que só geram um custo desnecessário. Desse modo, os municípios e a união seriam responsáveis pela gestação pública até que o conceito de nação fosse extinto.

Outros tópicos defendidos em minha Anarquia Social também ganham força, além da eliminação dos estados: a extinção do sistema representativo e do político profissional cuja função seria representar os demais nos assuntos públicos. A democracia atual é só uma forma dos eleitores escolherem qual elite os dominará, impondo a sua ideologia ao modo de vida dos demais, como se os servos escolhessem o seu senhor. O assistencialismo deve ser trocado por investimentos pesados em saúde, educação e segurança. Afinal, do que adianta dar o dinheiro se não ensinar a pescar? Estamos criando pessoas eternamente dependentes do Estado e a maior prova desse patriarcalismo é notado nas urnas. É preciso ter coragem para realizar os cortes necessários para ser coerente com as reformas propostas. A filosofia de fazer de tudo para agradar as massas com o objetivo único de se manter no poder deve ser evitada, pois em muitos casos contraria a prudência e a racionalidade.

As últimas delações da Lava Jato tornam mais evidente a tese que levantei no primeiro post, dizendo que o impeachment deveria ser para todos, pois um partido só não teria ocasionado toda essa crise. As pessoas se esqueceram do que é o jogo político e suas alianças, gritando nas ruas apenas "fora Dilma" ou "fora PT". Pois aí está, acusações sérias contra Temer, José Serra, Geraldo Alckmin, Romero Jucá, Renan Calheiros, Rodrigo Maia, Eduardo Cunha, Agripino, entre tantos outros. Notem que temos o presidente do país, o presidente do senado e o presidente da câmara envolvidos em um esquema antigo de corrupção. E agora? Mas o Brasil não iria melhorar já no final do ano (tipo agora)? Espero que todos os que foram às ruas com a camisa da seleção brasileira no começo do ano voltem às ruas, mas dessa vez com um discurso mais coerente e com gritos de "fora" mais abrangente, contendo também PSDB e PMDB. Os três grandes partidos do Brasil há tempos não refletem o interesse do povo e mesmo assim continuam no poder. Brasil, quando será a hora de mudar verdadeiramente? 

Permanecer do jeito que está é persistir em um sistema falido. O capitalismo já apresenta sinais de cansaço. Cansaço na cara do trabalhador que acorda às cinco horas da manhã e agora não vê sinal de aposentadoria no horizonte. Cansado ao ver o dinheiro público desviado em cuecas de grife e maletas importadas ao invés de reverter em bens para a sociedade, como mobilidade e transporte público. Cansado ao ver direitos serem perdidos por pessoas de terno e gravata que nunca souberam o que é realmente trabalhar e ser assalariado. Não sou a favor de revoluções abruptas, armadas e não planejadas, mas Marx estava certo ao apontar como caminho a revolução ou a eterna submissão. E por enquanto ainda somos os servos enriquecendo uma minoria cada vez mais rica. Políticos que nunca foram proletariados representam um povo repleto de marcas e calos. Onde estão os calos nas mãos desses que falam por nós?

Para onde foi o dinheiro dos nossos impostos, os investimentos da copa, as promessas das olimpíadas? Vamos refletir, faz bem para a mente. Não podemos nos esquecer que aqueles que estão hoje no poder e que criticam a política dos últimos anos são os mesmos que estavam com o Lula desde 2002. Tomaram o poder e agora os escândalos atingem todos os presidentes do mais alto escalão do executivo e do legislativo. O que antes eram renúncias de ministros envolvidos em casos de corrupção agora já afetam o atual governo, como um câncer que afeta todo o sistema imunológico. Espero que não seja tarde demais para que a cura seja diagnosticada. Não é possível admitir que esse governo que aí está chegue até o fim de um mandato que eticamente não lhe pertence, pois eles fizeram parte do governo do PT todos esses anos. 

Lembro-me do trecho de uma das músicas dos Titãs quando penso no governo Temer e no PMDB de um modo geral: "Não é que eu vou fazer igual, eu vou fazer pior!". As punições devem atingir todos os culpados, independente da sigla do seu partido ou da cor da bandeira que o representa. A mudança real está na educação e, posteriormente, na Anarquia Social.

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