sábado, 9 de dezembro de 2017

Reflexão sobre PIB e IDH

Recentemente o IBGE divulgou dados nacionais que salientam a desigualdade social há tanto comentada neste canal: 1% da população brasileira ganha 36 vezes mais do que 50% da população. Traduzindo tal percentual, seria o equivalente a dizer que cerca de 889 mil pessoas ganham mensalmente R$27.085,00; enquanto que metade da população brasileira ganha por volta de R$747,00 por mês. 

Ou seja, metade da população ganha menos de 1 salário mínimo (que já não é grande coisa). Muitos destes atuando na informalidade para sobreviver. Há algo de errado muito além da superficialidade dos números, enraizado na mentalidade e estrutura social e estatal. O intuito deste post é refletir sobre os indicadores utilizados pelos gestores públicos para avaliar o crescimento e desenvolvimento de uma região.

Enquanto isso, o governo corrupto de Michel Temer celebra a melhora da economia com a "grande" elevação de 0,1%, gastando milhões em propaganda para difundir a ideia de que sua gestão é responsável pela "retomada do crescimento econômico". Calma caro leitor, não vamos nos deixar iludir por meras estratégias de marketing. Dizem que uma mentira contada repetidas vezes torna-se verdade e é contra essa manipulação midiática das massas que devemos lutar.

Quando o assunto é economia no quesito de políticas públicas, muito fala-se em PIB, utilizando-se de indicadores para demonstrarem dados referentes ao tema. Mas por que desse fetiche para com o PIB? Ele realmente representa desenvolvimento econômico e social? A resposta é não. O Produto Interno Bruto representa a soma (monetária) dos bens e serviços produzidos em uma determinada região (no Brasil aplica-se geralmente para entidades federativas - municípios, estados e país) por um determinado período (geralmente um ano, mas pode ser bimestral, semestral, etc). 

Previsão da ONU para o PIB de 2017 (Foto: Arte/G1)
Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/onu-piora-projecao-do-pib-brasileiro-e-preve-alta-de-01-para-2017.ghtml

Portanto, o PIB é utilizado para aferir pura e simplesmente o crescimento econômico, resumindo-se a um processo quantitativo. É um balanço comercial que não representa a distribuição dos recursos ou mesmo um avanço na sociedade. Ou seja, dizer que o PIB cresceu X% ou que houve um superávit (resultado positivo a partir da diferença entre receitas e despesas) não significa dizer que houve uma evolução humana. O PIB é uma medida de controle econômico cujo resultado positivo agrada muito a governantes, economistas e empresários; entretanto, a aplicação desse saldo azul pouco reverte-se para a população por meio de distribuição de renda, qualidade de vida ou mesmo geração de emprego.

Fonte: https://www.weforum.org/es/agenda/2017/01/el-mapa-del-crecimiento-del-pib-en-2017

Nota-se claramente que os administradores da política brasileira possuem um foco limitado referente ao avanço da região, restringindo-se ao viés econômico. Daí surge a grande relação entre as crises econômicas e políticas no país, reforçadas pelo sistema capitalista vigente e tendo como consequência o fetiche pela obtenção e manutenção do poder via nepotismo, clientelismo e corrupção. Uma alternativa para a construção e avaliação de políticas públicas seria por meio do IDH. 

O Índice de Desenvolvimento Humano é utilizado para aferir a qualidade de vida de um modo amplo e complexo, por meio da comparação de diferentes medidas como longevidade (expectativa de vida, saúde, salubridade, mortes precoces), índices de ensino (taxa de alfabetização e escolarização) e renda per capita (PIB por pessoa e poder de compra). Ou seja, o IDH não visa unicamente o crescimento econômico, mas também o bem-estar social e a melhoria de vida das pessoas. Por meio de fórmulas matemáticas, este representa uma amostra mais realista da sociedade em questão utilizando-se de métodos qualitativos. Obviamente que podem ser inseridos outros dados para um mapeamento mais amplo e com maior precisão, como por exemplo índices ecológicos (florestamento e desmatamento) e taxas mais específicas com relação à segurança/violência (índice de presos, roubos, furtos, etc). 

Resultado de imagem para idh 2017
Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/em-79-lugar-brasil-estaciona-no-ranking-de-desenvolvimento-humano-da-onu.ghtml

O ranking do IDH é tabulado com valores que variam de 0 a 1 onde quanto mais próximo de um, mais desenvolvido é o país. Neste momento nota-se uma disparidade referente aos dados específico do Brasil: (a) IDH - 0,754, ocupando o 79º lugar no ranking da ONU (2017); (b) PIB - 3135, ocupando o 7º lugar conforme ranking abaixo (2016).

Fonte: PwC
Fonte: http://www.portalnovarejo.com.br/2017/02/07/brasil-deve-ser-5a-maior-economia-do-mundo/

Os dados apresentados aqui servem de alerta em um período tão ofensivo das elites brasileiras com relação ao retrocesso de direitos e reformas agressivas. Muito falou-se pela equipe econômica do governo Temer e defensores do mesmo, durante o período da reforma trabalhista, que só pelo fato de sua eventual aprovação no Congresso resultaria em um aumento imediato em empregos. Pois bem, tal reforma foi aprovada, a lei já entrou em vigor e o boom de vagas anunciado pelos "especialistas econômicos" não se concretizou. A elevação na contratação deve-se ao período festivo de final de ano e a grande maioria representa vagas temporárias. O desemprego recuou por este fator e também pelo aumento nas ocupações informais. 

Agora o mesmo tipo de argumentação recai sobre a previdência, gastando-se bilhões em propaganda e na compra de parlamentares. Ora, ao invés de gastar tanto objetivando retirar direitos dos trabalhadores seria melhor o governo e seus defensores preocuparem-se em gastar menos e melhor os recursos que nós, cidadãos, pagamos. O dinheiro público não é para ser gasto em regalias, mas sim para ser retribuído em serviços de qualidade para a sociedade. Sendo assim, é possível concluir que o IDH é uma melhor aferição social e estatal do que o PIB, pois melhor representa a realidade.

Abre os olhos Brasil!!!!

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