O Brasil possui uma longa tradição diplomática no cenário internacional; afinal, os Estados mantêm relações entre si. Formalmente, cada país é semelhante aos demais no que diz respeito às funções desempenhadas porque não há um Estado que comande os demais, constituindo-se assim um sistema descentralizado. Em um planeta cujas barreiras foram ultrapassadas por meio da tecnologia e do próprio processo de globalização, um acontecimento do outro lado do mundo é acompanhando ao vivo por qualquer pessoa que possua acesso à internet. Assim sendo, as relações internacionais são essenciais para o desenvolvimento das nações. Cada governo que assume o poder é responsável pela manutenção ou alteração dos acordos exteriores.
Segundo o artigo 4° da Constituição Federal são expressos os princípios da não-intervenção, autodeterminação dos povos, cooperação internacional e solução pacífica dos conflitos. Tal política externa deve ser construída pelo poder executivo federal com o apoio do Ministério das Relações Exteriores (conhecido também por Itamaraty). Portanto, o âmbito diplomático é responsável por acordos, negociações e representações. Logicamente que cada governo possui sua respectiva visão de mundo, mas esta deve estar de acordo com os fundamentos básicos das relações externas.
Fonte: http://www.estaciocarreiras.com.br/blog/tudo-sobre-o-curso-de-relacoes-internacionais/
Historicamente, o Brasil possui forte relacionamento comercial (presente em todos os continentes do globo) e neutralidade em busca da paz com relação a conflitos entre nações. A preferência por relações com países desenvolvidos se deve pela troca de produtos e interesses. Todavia, nas últimas décadas o país ampliou sua presença em países do eixo sul, participando ativamente em diversas frentes de integração regional. Membro da ONU (Organização das Nações Unidas) e do Mercosul (Mercado Comum do Sul), o país se vê agora sob um novo dilema internacional voltado para a cópia das políticas externas dos Estados Unidos.
Primeiramente é preciso entender as características e identidades do país, pois por mais simples que pareça é preciso afirmar que o Brasil não é os EUA. Portanto, qualquer ação feita de antemão terá uma tratativa e impactos diferentes nos atores envolvidos. Uma coisa é a principal potência atual, tanto economicamente quanto militarmente, bater de frente com a China em uma guerra comercial e em outros assuntos delicados. Outra coisa é um país em desenvolvimento sem grandes interferências externas querer adotar as mesmas práticas. São atores diferentes cujos contextos serão diferentes.
Fonte: https://www.stive.com.br/3975-relacoes-internacionais-do-brasil.html
O governo eleito pretender estreitar as relações com Israel e EUA, o que obviamente é uma afirmação favorável ao país. O problema está na renúncia da neutralidade em conflitos externos que não dizem respeito ao país como, por exemplo, imitar os estadunidenses na transferência da embaixada brasileira de Tel-Aviv para Jerusalém, confrontando diretamente os interesses árabes.
Vale lembrar que o Brasil movimenta bilhões por ano em transações comerciais com estes mesmos países árabes. Assumir um posicionamento desnecessário nessa situação seria uma canelada inicial. O presidente eleito já afirmou não reconhecer a Palestina como um Estado, contrariando um posicionamento já adotado pelo Brasil e pela ONU. Novamente: a relação estratégica entre Israel e Estados Unidos é muito diferente da relação entre o Brasil com os demais. É preciso ser realista, somos muito mais dependentes.
Outra questão polêmica é a saída do Mercosul. Desse modo, o presidente eleito planeja realizar acordos bilaterais ao invés de acordos em blocos. Assim, o país viraria as costas para os seus vizinhos em um ato de buscar apenas o benefício próprio ao invés da colaboração regional. Neste caso é preciso ressaltar que o Brasil tem amplas negociações com a Argentina e o impacto de uma eventual retirada do país no bloco será negativa. Tudo está interligado e é preciso ter cuidado para não se perder com as peças do quebra-cabeça.
Fonte: http://internacionalamazonia.blogspot.com/2013/10/curso-de-relacoes-internacionais-da_22.html
O Brasil é grande exportador de matéria-prima tendo pouca relevância no sistema internacional no que diz respeito à inovação e pesquisa. A competitividade industrial e capacidade de investimento são baixos, daí resulta que no geral países subdesenvolvidos carecem da manufatura e tecnologia de outro país subdesenvolvido (e não o contrário). Em um sistema capitalista o resultado final é o custo-benefício. Se o país não é competitivo em termos de valor de mercadoria e/ou qualidade do produto não há muito o que chorar em possíveis novas relações diplomáticas. O protecionismo vai contra o próprio neoliberalismo defendido por integrantes do novo governo e pode transformar o Brasil em uma ilha.
O presidente eleito disse não ser ideológico, mas suas propostas provam o contrário. O mesmo afirmou durante o período eleitoral que mudará as relações com a China (país este maior parceiro tanto em exportação quanto em importação). Ele afirmou que não permitirá que o Brasil seja comprado pelos chineses. O novo regime diz não compactuar com os regimes venezuelanos, cubanos e chineses; entretanto, não aplica a mesma retórica para parcerias com os sauditas, Guiné Equatorial e demais ditaduras.
Bolsonaro, assim como o seu ídolo Trump, vira as costas para o diálogo e fecha os olhos para contradições. Desse modo, perde espaço internacional e relevância política. A participação internacional do Brasil como a realizada no Haiti pelo exército é essencial para a manutenção de um Estado que soma ao invés de dividir, pacificador e neutro. Lavar as mãos para questões próximas, sem dialogar, só faz a imagem do país retroceder no exterior. Talvez a solução seja alugar o Brasil.
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