sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Reflexão sobre o populismo e suas consequências

A descrença do cidadão para com a política tem levado figuras conhecidas ao poder tais como jogadores de futebol, cantores, comediantes, empresários e apresentadores de televisão. Muitos destes não possuem o menor conhecimento sobre o assunto, aproveitando-se da obrigatoriedade eleitoral e da ingenuidade política da população para agirem de acordo com os próprios interesses, servindo como prostitutas de seus respectivos partidos. Quem não se lembra do caso Tiririca? O voto tido como protesto é um tiro no pé que demora, no mínimo, quatro anos para cicatrizar e mesmo assim suas consequências estarão enraizadas na sociedade. Pretendo, por meio deste post, apontar as principais características do populismo.

O populismo tem, sobretudo, um caráter patriarcal vinculado, principalmente, a cargos do poder executivo como: prefeitos, governadores e até presidentes. Esse tipo de perfil ganha destaque nas democracias eleitorais cuja quantidade de votos é um fator determinante para o desdobramento das políticas públicas e ideologias dos diversos atores políticos. Pode-se destacar tal fenômeno nos países latino-americanos, mas esta não é uma particularidade do povo latino (haja em vista o resultado da última eleição estadunidense).

O populista é um indivíduo demagogo que diz falar em nome do povo. Possuem uma boa oratória, mas esta não deve ser entendida exclusivamente como o uso da norma culta da língua. A boa oratória na política é aquela que atrai maior quantidade de votos; portanto, o melhor orador é aquele que agrada a população e os convence a votar somente pela lábia. Neste caso as plataformas políticas e ações ficam em segundo plano. Por esse motivo não é difícil ver candidatos serem eleitos e fazerem o oposto de suas promessas. Para exemplificar não precisamos ir longe, basta ter como base a última eleição presidencial brasileira com a chapa Dilma-Temer ou então, mais recentemente, a eleição de Crespo (da coligação DEM-PMDB) como prefeito de Sorocaba, prometendo não aumentar o número de comissionados e creche em período integral. Em apenas dois meses de mandato, o excelentíssimo prefeito já descumpriu praticamente todas as suas promessas.

Os candidatos populistas são conhecidos por outras atividades, mas não pelo seus atos ou histórico de engajamento social e político. Tais figuras tentam dissociar-se ao máximo dos partidos políticos que representam, o que significa ser mais um ato contra o eleitor, pois o mandato pertence ao partido e não ao candidato. O populista ludibria a sociedade, mobilizando as massas desinformadas e desiludidas, presas fáceis em um cenário de manipulação. Prometendo avanços econômicos e sociais, tais pessoas geralmente representam o oposto, ou seja, o interesse da classe dominante que não pretende alterar o status quo.

No Brasil podemos citar as figuras de Getúlio Vargas, Maluf e, mais recentemente, Lula como sendo grandes populistas nacionais. Ambos desenvolveram a política do pão e circo, entretendo a população com programas assistencialistas e de infraestrutura duvidosa que, em alguns casos, não resultaram em desenvolvimento real, servindo como desculpa para orçamentos superfaturados. Estendendo uma mão para o povo e a outra para a oligarquia brasileira. Basta ver os números de lucro dos últimos anos, onde os banqueiros foram os maiores beneficiados. Mesmo os sindicatos, peças importantes para ambos, tornaram-se mais dependentes do Estado em seus mandatos, perdendo assim parte de sua força e autonomia. São também associados à urbanização e industrialização, mas vale aqui ressaltar que crescimento não é sinônimo de desenvolvimento.

No mundo talvez o maior expoente atual seja Donald Trump. Este simboliza bem a figura dos populistas: com um papo nacionalista busca, na verdade, status e reconhecimento, deixando de lado valores morais e éticos. Agem em troca de vantagens, com discursos inflamados, deixando até se submeter por vezes à maioria, atacando assim as vozes da minoria. Mas talvez o maior expoente populista que o mundo já viu tenha sido Hitler e esse não é um título de orgulho. Com seu discurso preconceituoso e de ódio, os nazistas, juntamente com os fascistas, expressaram o ápice desse sentimento por meio da guerra, fazendo política por outros meios. Assim é no Brasil, repleto de fascistas que apoiam o governo que aí está. E querem mais, querem Bolsonaro presidente e até mesmo o retorno da ditadura militar.

Há de se acrescentar, antes de finalizar este texto, a existência do populismo político que é aquele exercido pelo governo dentro dos três poderes para a manutenção da governabilidade. O populismo político (seja no congresso nacional, assembleia legislativa ou câmara municipal) difere-se do populismo eleitoral, pois atua na fase posterior à eleição, sendo até uma continuação do populismo eleitoral. Enquanto o populismo eleitoral objetiva a obtenção do poder, o populismo político objetiva a manutenção do poder e a maioria na base aliada. É assim que Temer, mesmo sendo rejeitado pela maioria da população (afinal trata-se de um traidor envolvido em casos de desvio de verba pública) consegue aprovar com certa facilidade suas propostas no congresso. E vai além, sua influência chega ao judiciário ao passo que este não aplicou a jurisprudência no impeachment da Dilma, não aplicou a jurisprudência no caso de Moreira Franco (onde o STF deveria ter agido igual ao caso da nomeação de Lula como ministro), indicou um ministro para o STF incapaz tecnicamente (Alexandre de Moraes) e ainda conseguiu com que o mesmo STF se calasse diante de Renan Calheiros quando este se negou a deixar a presidência do senado no final do ano passado.

Assim a nação brasileira se encaminha para a anomia de um governo populista político, apoiado apenas pelos partidos de base e pela Rede Globo. Na crise deve-se gerar empregos ao invés de quebrar a constituição nacional e realizar manobras contra direitos adquiridos pelos trabalhadores. E não me venha falar que a economia do Estado é a mesma da economia doméstica, pois o pai de família não recebe tributos, muito pelo contrário, ele é taxado de todas as formas sem ter o mínimo de retorno. As pessoas mais ricas do Brasil moram no exterior, seja na Suíça ou nos Estados Unidos, vide os filhos do Roberto Marinho. Eles estão pouco se importando com o povo brasileiro, pois apenas usam os nossos recursos para obter lucro e viver fora do país às nossas custas.

Creio que lutas sociais se aproximam cada vez mais e que esse ano será de lutas assim como em 2013, mas ao contrário daquele ano, 2017 será uma luta pela sobrevivência em prol da previdência e dos direitos trabalhistas. Se a previdência é um rombo para os cofres públicos, então me diga onde foi parar o dinheiro dos tributos trabalhistas. Por que não investem a arrecadação na geração de novo empregos, assim como o que foi feito após a grande depressão no próprio Estados Unidos (país este que a elite brasileira idolatra)? Não, o problema não é o trabalhador nem a previdência senhores políticos. O problema do Brasil é a corrupção e os trilhões desviados para contas particulares no estrangeiro.  


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