Seja bem-vindo fevereiro! Todo ano é a mesma coisa: mal passa o natal e já se fala em carnaval. Assim segue até começar março. Faça sol ou faça chuva, são mais de dois meses com doses constantes de carnaval seja na internet, na televisão ou no jornal. Lá estão as fantasias, as mesmas marchinhas, os desfiles luxuosos. O confete se mistura à pizza. O que não é compreensível é o motivo da ira de alguns brasileiros quando estrangeiros associam a imagem do povo brasileiro com tais elementos. Afinal, esta não é a identidade cultural nacional?
"Cabeça dinossauro, pança de mamute, espírito de porco". Do mesmo modo que o Brasil se inspira nos antigos romanos referente ao espírito das leis, também o faz na política do pão e circo. Dê alimento, bebida e um bom espetáculo para que os cidadãos estejam felizes e entretidos. Entretenha-se. O problema não é o carnaval em si, pois serve até de válvula de escape para o trabalhador que merece diversão e descanso. A questão é ficar nessa alienação por, praticamente, mais de dois meses. Não à toa diz o ditado que o ano só começa de fato no Brasil depois do carnaval.
É o cliente que posterga tomadas de decisões importantes de início de ano para depois da folia, é o fornecedor que só atende em sua plenitude após o dia de cinzas. Basta ver o Congresso Nacional às moscas nessa época. Tudo em prol do turismo e do saldo positivo na balança comercial. Será mesmo caro leitor? E assim a taxa de desemprego continua em alta, mesmo em pleno período de festas que é o ápice de contratações no comércio (natal, ano novo e carnaval), seja trabalho formal ou informal.
Para não dizerem que não falei das flores, elejo aqui a deputada Cristiane Brasil (filha do nobre Roberto Jefferson que já esteve envolvido em atos de corrupção) como rainha de bateria e musa do carnaval 2018. Afinal, só o Temer mesmo para indicar uma condenada pela justiça do trabalho para assumir o ministério do trabalho. Nada como começar o carnaval rebatendo os críticos dentro de um iate acompanhada de quatro amigos em ritmo de festa. O motivo: angariar o apoio do PTB para a votação da reforma da previdência. O que ganharemos com isso: nada (assim como as outras reformas que prometiam mundos e fundos, mas que não se concretizaram). Eles cometem os erros, desvios e exageros nos gastos públicos, mas no final é a população que paga (literalmente).
Fonte: http://barrosoemdia.com.br/vem-carnaval/
Como encerramento deixo aqui o hit do
verão e deste carnaval da Legião Urbana para celebrarmos a pátria amada!
"Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
covardes
Estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação
Celebrar a juventude sem escola, as
crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro é feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre e todos os impostos
Queimadas, mentiras e sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo, nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir, não se ter a quem
amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos o hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão
Vamos festejar a inveja
A intolerância, a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror de tudo isso
Com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que podemos celebrar
A estupidez de quem cantou essa canção
(...)".
Perfeição (Legião Urbana).
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