O que você quer? O sonho americano baseado no sucesso material não é novo. Tal consolidação e influência acontece há décadas nas Américas desde a hegemonia estadunidense no cenário internacional, sobretudo a partir do século passado reforçado pelas vitórias nas duas grandes guerras mundiais e na guerra fria. Não por acaso a novidade passa a ser o atraso. Obviamente que a interferência externa ocorre em todas as partes do mundo como a chinesa na Ásia e a russa no Oriente Médio. Portanto, o recorte para esta reflexão será o contexto americano.
Quem você é? É aquilo que usa ou o que te faz pensar? Camisa de marca, fotos novas no Facebook. Por que não livro das faces? Um novo ídolo para idolatrar, talvez um popstar. Por que não estrela popular? Motos de luxo, corrente de ouro, iates, mansão, relógio importado. Smartphones ao invés de telefones inteligentes. Um filme de Hollywood, um estilo de vida sem identidade. Músicas de ostentação que não condizem com a realidade brasileira. Falta creche, hospital, trabalho e tecnologia. Please! Não é questão de nadar contra a corrente, mas uma tentativa em se encontrar. A psicologia falaria em ego, superego, id. Mas a pergunta é mais simples: quem é você?
Fonte: http://www.globalexchange.com.br/artigo.asp?txtid=583
Em que lugar você quer chegar? Estudar, trabalhar, constituir família, carreira de sucesso. Carteira profissional embaixo do braço, riscando o jornal, sem tempo nem espaço. Sonho de consumo na nova moda primavera-verão, curtidas certas na próxima estação. E a vida tem sido tão perfeita para todos em suas páginas virtuais que chega a ser difícil entender as altas taxas de suicídio e depressão. Uma viagem nova para o exterior, fotos sorridentes e uma melancolia infinita por dentro.
Até quando? A apropriação do termo americano pelos estadunidenses demonstra um completo desrespeito para com todos os outros países do continente. Americanos são todos os que vivem na América, o sonho americano é o sonho das Américas e não de um país em específico. O problema não está na globalização em si, mas no imperialismo regional que as potências mundiais tentam impor para os países próximos. Nada além do quintal, vizinhos secundários, sem importância. Jogo de poder e interesses; afinal, tempo é dinheiro e negócios são negócios. Nada pessoal, mas não se pode misturar.
Dólares ou reais? Discursos acalorados superficiais, donos de uma verdade absoluta inexistente. A realidade é diferente do imaginário. A relevância se resume em mestiços, índios, latinos, subdesenvolvidos, terceiro mundo, negros, imigrantes, no máximo descendentes de algum outro lugar melhor que não seja aqui. Mão-de-obra barata e descartável. Quem vai recolher o lixo, lavar os pratos, limpar a casa? Síndrome do desprezo querendo ser quem não é. Mesmo morando fora nunca serão nativos. Um novo Trump em terras tupiniquins rumo ao velho nacionalismo extremado que de tão novo já está antigo na Europa e nos EUA, mas em 2018 muitos querem reviver os fatos exteriores.
O que você pensa? Inversão de valores humanos por meio do processo neoliberal. Marcas importadas substituem o conhecimento, o respeito e a ética. Qualquer preço para chegar ao topo. Terno, gravata, sapato e sucesso. O resto transforma-se em algo secundário. E-mails com erros de pontuação, erros de português na concordância e gramática, mas com um inglês de avançado para fluente. Uma bandeira cujas cores misturam-se ao azul e vermelho estadunidense, estrelas estrangeiras que não são do céu verde e amarelo. Tentativa de copiar, comprar em Miami, passeio na Flórida. Na melhor das hipóteses uma cópia bem-sucedida nas bolsas de Wall Street. Não é o inferno, tampouco o paraíso.
Será tempo perdido? Está na televisão, está na internet, está na novela. Casas amplas para duas pessoas, petróleo do futuro, carros sem passageiros, porte de armas, restrição para imigrantes. Logo o brasileiro que está em todo lugar, intolerância étnica, religiosa e política. A influência estadunidense é global, reforçada no Brasil desde o reconhecimento da independência. Extrativismo vegetal, mineral, animal e humano. Patrocinadores do golpe militar de 64. Nem sempre se aprende com os exemplos históricos, pois querem repetir. E assim segue, gira sem sair do lugar. Busca implacável pelo sucesso no bussiness. Atos de espionagem praticados pelo Estado, diga o seu preço para saber se vale a pena.
Ser ou ter? Ter ou ser? Contemplar, assistir, vender, vendar os olhos para não ver. Admirar a paisagem ou comprar um quadro novo da paisagem? Riqueza suja ou trabalho honesto? Admiração por outro país ou submissão? O sonho americano já faz parte da cultura nacional, está online, está nas indústrias, está embutido no sonho de consumo do brasileiro. Peixes na rede cibernética. Resta aproveitar o que agrega e descartar o que separa. Resta refletir sobre o que somos para tentarmos ser alguém melhor e construir uma sociedade mais livre, justa e fraterna.
Fonte: http://celiosiqueira.blogspot.com/2013/08/o-sonho-americano-american-dream-vejam.html
"Quem me dera ao menos uma vez
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
Fala demais por não ter nada a dizer
Quem me dera ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto como o mais importante
Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Quem me dera ao menos uma vez
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes."
Índios - Legião Urbana
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