Evento de consumo iniciado nos Estados Unidos como uma forma de inaugurar a temporada de compras natalinas que se popularizou durante a década de 70 e posteriormente foi propagado para o mundo, sobretudo para os países ocidentais que possuem essa cultura de apreço ao acúmulo, status e aparência. Presente no Brasil desde novembro de 2010, a data já se tornou um evento garantido no calendário do país (como sempre se espelhando no exemplo vindo do seu ídolo do norte). A sexta-feira negra sempre ocorre em novembro como uma forma de preencher o "vazio" entre outubro (caracterizado pelo dia das crianças e halloween) e dezembro (caracterizado pelo natal e preparativos para o ano novo). Uma data a mais para gastar, um fetiche, uma fantasia.
Semana negra, mas não pelo dia da consciência. O estímulo às compras é inerente ao sistema, pois capitalismo é consumo e não há tipificação maior do que o processo de compra e venda em massa. Afinal, a propaganda diz que você precisa adquirir tal produto, mesmo que não seja uma real necessidade. O apelo ao consumo é tanto que em todos os anos não são raras as imagens de pessoas formando filas e se espremendo dentro das lojas para adquirir itens supostamente em promoção. Em alguns casos as pessoas estão ali para pegar qualquer coisa, o que vier primeiro. Uma ótima forma de se endividar!
Fonte: http://www.fr.de/wirtschaft/black-friday-wahnsinn-made-in-the-usa-a-291997
O comércio agradece, pois o último trimestre do ano é aquele que apresenta melhores resultados nos indicadores que aferem a economia. Seja por meio do e-commerce (lojas virtuais) ou pelo tradicional modo de compras físicas, o fato é que a black friday não para de crescer. O faturamento por parte dos empresários é tanto que nos últimos anos ultrapassou a barreira dos bilhões de reais gastos. A sexta-feira negra está tão abrangente no país que praticamente tudo é comercializado; produtos, bens e serviços: turismo, móveis, imóveis, carros, artigos infantis, utensílios domésticos, farmacêuticos, cosméticos, entre tantos outros. Logicamente que tal fato gera empregos temporários, mas o prazo de validade é curto.
Trata-se de uma verdadeira anarquia do capital sem nenhum tipo de regulamentação ou organização central. Cada empresa realiza as suas promoções dos produtos que melhor lhe convir. Cada loja dá os descontos que achar conveniente sem a interferência de governo, associação ou qualquer tipo de entidade. Abusando das estratégias de marketing, a black friday desperta os desejos do consumidor e aflora a impulsividade irracional do ser humano. Cabe ao cliente ficar esperto. Compra quem quer, quem pode, quem necessita ou não. Nada melhor do que curar uma decepção com o cartão de crédito carregado. É psicológico, dizem os especialistas. Quanto aos outros resta assistir ao abismo da clivagem social. Negócios são negócios, marcas, subprodutos. Nada pessoal, um salve ao consumismo!
Fonte: http://www.anarquista.net/natal-do-consumismo-consumo-desenfreado/
É inevitável falar de sexta-feira negra sem comentar sobre as fraudes. O oportunismo de um bom negócio muitas vezes rompe a barreira da legalidade e da moralidade tornando inúmeros os casos de propaganda enganosa ou mesmo de golpe. Os casos vão desde anúncios que ofertam produtos inexistentes até mesmo casos de entrega de mercadorias com falha ou de valor inferior ao adquirido. Isso sem contar as denúncias que apontam aumento proposital dos preços das mercadorias para, posteriormente, abaixá-los anunciando uma "nova promoção imperdível". É a lei do mercado: oferta e procura. O neoliberalismo sem controle e sem equilíbrio tão sonhado de forma utópica. No final das contas o resultado é o mesmo: trata-se da lei do mais forte.
Boa parte das fraudes ocorre no ambiente virtual, mas esta não é uma exclusividade das vendas online. Por vezes, a doce e prazerosa ilusão da compra torna-se uma dura realidade na justiça. Afinal, ninguém quer perder a oportunidade de ostentar em um momento tão único de celebração ao consumo e é justamente nesse momento de desatenção e vulnerabilidade que os indivíduos são passados para trás. O sustento do capitalismo é o consumo desenfreado, qualquer coisa fora isso é crise. Mas o que comprar, quando comprar, como comprar se boa parte da população mal consegue se manter no dia-a-dia? Como viver com qualidade e conforto se mal é possível sobreviver? Um sacrifício desnecessário em prol da inutilidade. Você é o que é ou o que tem?
Fonte: https://www.hardware.com.br/noticias/2017-11/blacky-friday-brasileira-movimentou-em-2017-48-bilhoes-nas-lojas-virtuais.html
Vitrines repletas de produtos, mercadorias em off, condições imperdíveis, parcelamento no cartão em até doze vezes sem juros. Todos querem fazer parte do fluxo, correndo na mesma direção, disputando supérfluos, brigando para ver quem consegue mais com o menor preço. Rastejando-se na entrada das lojas entupidas de pessoas agindo como vermes, um sobre o outro, um por cima do outro, nada mais característico do que a nossa condição animalesca. Compre, venda, mude, troque, consuma, tenha, mostre, divulgue, compartilhe, ostente. Corra, pois é por tempo (i)limitado. Black friday, week or month. Não importa. Tudo tenha, nada seja, tenha tudo, seja nada.